Diários de uma mãe solo em (pós)pandemia

WhatsApp Image 2025 08 17 At 16.35.11 Lilian Da Silva Gomes

17/03/2022

Hoje presenciei uma discussão acirrada entre Alice e alguns vizinhos do condomínio.

A questão é que, após uma venda clandestina de faz de conta na janela do apê, minha filha negociou sua boneca Arlequina por um punhado de moedas de baixo valor, que ela nem sabia contar.

Ela tentava reaver o brinquedo quando, por vingança, arrancaram parte do cabelo de plástico da boneca. Sob a custódia de R$ 3, que ofereci para encerrar o assunto, o grupo de cinco crianças devolveu Arlequina, que voltou para casa e foi reformada com cola de silicone sob o olhar choroso de Alice.

Mais tarde, outro coleguinha do condomínio bateu à minha porta. Descalço, com uma calopsita pendurada na camiseta, queria a ajuda da Alice para encontrar um brinquedo que procurava há algum tempo e acreditava ter perdido com ela. Também pediu um copo d’água, pois ficou muito tempo fora de casa.

Ele bebeu a água, e a Alice com certeza, não foi com ele.

Antes de dormir, Alice me perguntou se poderia brincar com outra coleguinha — uma que morava em outro prédio e com quem já tinha estudado. A mesma que dedicou um fim de semana inteiro passando trotes no meu interfone, inclusive à noite, quando eu já dormia.

Nesse momento, concluí que a Alice tem tendência a buscar amizades propícias a confusões. Disse que estava proibida de fazer amigos, principalmente na adolescência. Ela me olhou pensativa, com seu juízo de oito anos.

A Alice também não foi brincar com a amiguinha do outro prédio.

Por Lilian Gomes – @liliangomesss

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