O puerpério não acaba num passe de mágica!
Não é datado
Ele dói
É sentido
E é único, para cada uma e em cada gestação, é de uma jeito.
Não é hormonal, é processo!
Não é depressão (às vezes se torna)
Não deveria ser culpa, mas colocam na gente, por sentir o que sentimos e, geralmente vem de julgamentos alheios “mas vc não tá feliz em ser mãe” ou “seu filho é maravilhoso, você não deveria sofrer”
WTF! Sofra, chore, sinta!
Uma coisa não diminui a outra.
O puerpério é um turbilhão de coisas na cabeça, corpo e alma de uma mulher e que mutam, migram.
É traumas revisitados, dores potencializadas, medos nunca tidos, é mexer com sua criança interior e muitas histórias.
E tudo isso com a mulher vivendo uma exaustão imensa por ausência de sono, banho e, um cérebro que não pausa.
É estar se deparando com o novo corpo, com algumas novas dores e formas físicas. É nutrir outro ser.
É diariamente lutar/esperar para ser respeitada (ou pelos menos não ser julgada) por suas escolhas numa sociedade patriarcal, machista e, que não aceita que a mulher possa escolher.
É ter um novo relacionamento com aquele que um dia foi só o seu namorado, relembrando em meio a tantos sentimentos, mudanças e exaustão, é pesado.
É ter crises de choro, medo da morte nunca sentido, isso é muito presente em gestantes e puérperas, e pouco falado.
É a fase mais vulnerável da vida de uma mulher. E algumas acabam engolindo seco tudo isso, porque a sociedade impõe que sejam felizes, e apenas felizes porque são mães!
E o acolhimento acaba, e as pessoas cansam e datam para elas o fim do SEU puerpério. Pois não minhas raras, não permitam que datem o que é tão individual, e mais uma vez nos tirem o direito de viver o que somos e sentimos. É um processo e, é natural do bicho MULHER.
Dói, e dor deve ser acolhida ou ao menos respeitada
Aliás, vocês sabem de fato o que é puerpério? Porque eu sinto que muitas e muitos de nós desconhecemos esse tema tão complexo e necessário de ser compreendido.
E a todas as puérperas meu afeto e eu sigo aqui, no meu puerpério SIM. Descobrindo tanta coisa, sensível, vulnerável, potente, que me amedronta e me encoraja, a ser a MULHER que sou.
Texto: Mayra Fernandes – @sintamuitomulher