Hoje, me permiti uma pausa. Um instante de silêncio para refletir sobre a minha trajetória e sobre as tantas histórias que cruzam o meu caminho. Histórias de mulheres fortes, muitas delas mães, que dividem comigo suas dores, conquistas, medos e esperanças. São narrativas que me atravessam e me transformam. A cada escuta, me torno mais consciente do meu papel no mundo.
Sou Assistente e Educadora Social, além de Mentora Parental. Tenho Mestrado em Educação e especializações em Políticas Públicas e Neuropsicopedagogia. Com orgulho, afirmo: amo o que faço. Há 19 anos, venho construindo uma jornada de cuidado e acolhimento. Já estive presente na vida de quase seis mil mulheres, oferecendo apoio, orientação e, acima de tudo, escuta. Cada encontro foi uma troca. Cada mulher, um universo.
Minha identidade é marcada pela ancestralidade negra. Trago comigo a força de quem resistiu, a sabedoria que atravessa gerações e a dignidade de quem aprendeu a se reinventar diante das adversidades. Cresci aprendendo que minha história não começa em mim, mas em tantas outras que vieram antes — mulheres que, mesmo silenciadas, deixaram rastros de coragem e beleza.
Ao longo da vida, experimentei diferentes formas de me expressar. Meu cabelo, por exemplo, já foi crespo, cacheado, trançado, alisado. Cada fase refletia um momento, uma busca, uma afirmação. Hoje, mais madura, compreendo que minha liberdade está em poder escolher quem quero ser, sem me prender a rótulos ou expectativas externas.
Não sou perfeita, nem busco ser. Mas sou inteira. E é nessa inteireza que me reconheço em outras mulheres que, como eu, enfrentam desafios diários com bravura. Mulheres que não se deixam abater pelas dificuldades, que se reinventam, que acolhem e transformam. Mulheres que inspiram não por serem heroínas, mas por serem reais.
Acredito que inspirar é um ato coletivo. É quando uma mulher compartilha sua história e, sem perceber, acende uma luz no caminho de outra. É quando a dor se transforma em aprendizado, e o medo em força. É nesse movimento de troca que florescemos — juntas, mais fortes.
Ser mulher negra é carregar uma herança de luta e beleza. É saber que cada passo é também um ato político, uma afirmação de existência. É encontrar na comunidade, na ancestralidade e na própria história, a energia para seguir em frente.
Hoje, mais do que nunca, sou grata por fazer parte desse grupo de mulheres que, com coragem e sensibilidade, constroem um mundo melhor. Mulheres que inspiram outras mulheres, não apenas com palavras, mas com atitudes, com presença, com afeto.
E assim seguimos: semeando esperança, cultivando força, florescendo umas nas outras.
_
Cássia Ribeiro da Costa Silva – @cassiarcosta2000





