A Atípica Mãe | Eu sou mãe e TDAH

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Vamos começar do início.
Me chamo Luana e vivi 32 anos sem saber que eu era autista e TDAH. No meio desses 32 anos faz quase 4 anos que tenho um filho e menos de um ano que recebi o diagnóstico.
Durante a gestação eu estudei muito sobre tudo que envolvia parto, amamentação, puerpério e os primeiros anos da criança. Li relatos, vi vídeos, enfim o hiperfoco, vivendo intensamente naquele momento. No meio de relatos e textos de mães, eu também pude participar de grupos maternos no WhatsApp onde as mães sempre compartilham suas experiências. E sei lá, com o passar dos meses e anos de Ravi, eu comecei a não me encaixar mais ali.
Não só porque meu hiperfoco nisso tudo tinha passado, mas porque também a forma como eu me sentia diante das mesmas questões de desenvolvimento da criança era bem diferente.
Não que a maternidade seja fácil pra alguém, longe de mim dizer isso sabendo a realidade e o sistema que vivemos: a maternidade é difícil para todas as mães e pessoas que decidem criar conscientemente e respeitosamente uma criança. Enfim. Não é sobre isso.
É que de alguma forma eu sei lidar menos com algumas coisas.
De alguma forma, certas coisas da maternidade me impactam de forma intensa e eu simplesmente não sei lidar. Não é porque não quero, não tenho informações, ou não tenho repertório emocional (ok, algumas vezes até sim essa parte). É algo além. E eu me culpava. E culpo ainda por vezes. Para além da tão conhecida “culpa materna”.
Por que a gente entra na comparação que tode neurodivergente já entrou: se todo mundo consegue de boa isso, por que pra mim é tão difícil? Pois bem, a culpa e cobrança triplicam.
E acho que essa é a primeira coisa que eu gostaria de explanar sobre ser mãe e neurodivergente.
Não tem como nesse esquema estrutural que a gente vive não cair nas falácias da comparação. E vivendo uma jornada neurodivergente há 32 anos tentando se encaixar num mundo que não me cabe, é impossível que não esbarremos nessa também na maternidade.
Mas hoje eu tô aqui, pra escrever pra você, que é mãe neurodivergente ou que quer saber mais como a gente se sente e dizer que: cada maternidade é uma maternidade e dentro da neurodivergência o mantra de “você é a melhor mãe que seu filho pode ter” é preciso ser repetido 100x todos os dias.
Só a gente sabe o quanto suporta nossas próprias crises internas segurando o choro de uma criança.
E isso, ah isso, eu vou falar muito mais nos próximos textos.

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