Mulheres-mães protagonistas da própria história

Desabafo: Parem julgar as mães!

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Durante a gravidez dizem: “Você deve se arrumar!”, “Não é porque está grávida que tem que se deixar de lado!” e “Vai acabar perdendo o marido!”.

Sim, e quanto mais o tempo vai passando, mais eu vou me tornando a chata! A chata que observa como as próprias mulheres não conseguem ser unidas! E, quando digo unidas, não me refiro ao que elas fazem para ajudar a outra mulher que precisa de ajuda, mas, sim, quando não julgam com palavras. 

Me deparo com uma gestante.

Primeiro filho, mudanças acontecendo no corpo e os hormônios à flor da pele. Tantas dúvidas e inseguranças, apesar de tamanha felicidade que sente ao saber que logo o filho estará nos braços. Mas se engana quem pensa que a mulher só se abandona após o bebê nascer. 

Engana-se quem, ao invés de ajudar com palavras que confortam, abre a boca para julgar ou fazer brincadeirinhas. E aquela crítica que deveria ser construtiva, acaba sendo uma brincadeira de mal gosto feita no momento errado.

Nenhuma mulher tem a obrigação de se manter linda para agradar a sociedade. Nenhuma mulher tem que ficar ouvindo que tem que se arrumar para não perder o marido. Estar grávida é difícil! 

Só quem é mãe e tem empatia sabe bem do que estou falando. Há dias que realmente não dá; você não tem ânimo porque os enjoos e o sono te perseguem. E é normal simplesmente não querer se maquiar, arrumar cabelo ou por uma roupa que valorize. 

E simplesmente não ser julgada por não estar montada! E, ainda, ser trajada como uma grávida que não se cuida. No meio da gestação os incômodos começam a amenizar. Ou talvez a gestante já tenha se adaptado à nova realidade, e por isso o ânimo volta, a vaidade volta e a vontade de socializar volta! Entretanto, no final o desânimo do começo pode voltar novamente sim, e eu digo exatamente o porquê.

Noites mal dormidas, onde você não consegue achar a posição ideal.Cansaço por conta da barriga.Preocupação com o parto.

Enfim, ser mãe já começa a ser difícil desde o início. Não estou dizendo que a mulher deve se deixar de lado e parar de viver. Não estou dizendo que não se deve ficar atento porque uma simples desmotivação pode acabar sendo uma depressão e ninguém acabar percebendo. Mas estou querendo que entendam que é normal a mulher não estar tão disposta como era antes. E para os que dizem: “Vai se arrumar! Você está grávida e não morta!”, deixo a minha pergunta.

Será que quando o bebê nasce alguém abre a boca pra dizer: “Eu cuido do bebê pra você descansar, se arrumar e ter um tempo só pra você”?

Eu, como mãe de uma menina de dois anos, respondo dando a minha opinião: dificilmente isso acontece. Dificilmente você tem alguém pra fazer isso. E sabe o porquê? Porque durante a gravidez todo mundo enxerga defeitos na grávida e até tentam “ajudar”. Às vezes da forma errada quando se pronuncia, mesmo sabendo que no fundo o intuito é oferecer uma mão. Mas após o nascimento, as pessoas esquecem que existe uma mulher e só se lembram do bebê. 

E quando ela pensa em ser mulher, se arrumar, sair, trabalhar, ou  passar minutos ou horas sem o filho, ela é julgada! Julgada pelas mesmas pessoas que durante a gestação cobravam que a mulher não se deixasse de lado.

Julgada.

Julgada porque, para a sociedade, quando nasce um filho nasce uma mãe, mas morre a mulher.


Autora: Roberta Gabriel.


Este texto foi revisado por Luiza Gandini.

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