Eu acho que a expressão “dar à luz” é uma das metáforas mais perfeitas para o acontecimento de ter filhos.
Ter filhos é parir um sol pro seu sistema — uma pessoinha que, a partir desse momento, vai ser o novo centro do seu universo. E acredite, isso não é ruim, não é se anular. O planeta Terra não é menos planeta por depender do Sol para reger seus dias.
É se despir de todo o ego — e isso não te deixa menos ambiciosa. Pelo contrário: você ganha um fôlego extra pra lutar por aquela promoção no trabalho, pra melhorar suas qualificações. Não mais só por status ou vitória pessoal, mas por necessidade: tem uma pessoinha dependendo de você.
Dizem que mulheres precisam ser mães pra serem completas, e isso não podia ser mais falso. A maternidade não traz o sentimento de completude — longe disso. Ela traz a sensação de que está sempre faltando algo.
Ser uma pessoa melhor passa a ser sua maior meta: se curar dos seus traumas pra não traumatizar seus filhos, aprender a lidar com a sua criança interior pra conseguir lidar bem com a sua criança parida.
A maternidade é a desconstrução total das suas certezas. É se redescobrir — e, nesse processo, se reconectar com quem te criou também. Ser mãe te torna uma filha mais compreensiva. Você passa a aceitar as falhas dos seus pais, porque também falha na sua maternidade. Dar o seu melhor não significa perfeição, e você começa a enxergar o tanto de melhor que eles deram, mesmo nem sempre acertando.
Ser mãe não deve ser algo imposto às mulheres, nem vendido como uma peça que falta pra te completar. Mas também não pode ser propagado como algo que vai te paralisar ou impedir de realizar teus planos. Ter alguém dependendo de você te impulsiona a realizar coisas que você nem imagina.
Ser mãe é mó daora.
Por Paula Soledade dos Santos – @letepasosa





