Participar de um grupo de mulheres empreendedoras é muito mais que uma atividade social, faz parte de um investimento estratégico no próprio negócio ou carreira, uma vez que a prática de networking não é opcional, e sim, tarefa fundamental na extensa lista de afazeres. E o mais incrível é perceber que ao mesmo tempo em que fortalecemos nossos negócios individualmente, estamos fortalecendo todo o ecossistema feminino de empreendedorismo.
Fazer parte desse ecossistema apresenta inúmeros benefícios, desde a ampliação das redes de contato, o aprendizado prático e a troca de ideias, maior visibilidade e credibilidade, incluindo suporte emocional e a superação de barreiras de gênero. Apesar de tantas vantagens e do papel essencial para o fortalecimento individual e coletivo, muitas mulheres costumam ter receio de fazer parte e nunca encontram o tempo necessário ou a disposição para sair da zona de conforto.
Eventos de networking ainda são vistos como desnecessários, como excesso de exposição e vaidade. Esse receio de “aparecer demais” e dos julgamentos externos, tem origens bem antigas. De modo geral, as mulheres aprendem a calar e não chamar a atenção, além de não serem educadas para falar sobre negócios e finanças. Por outro lado, os homens são estimulados a exercer o papel de provedores da família desde cedo, e características como ambição e autoconfiança são vistas como qualidades e incentivadas. No caso da mulher a cobrança é imensa e conciliar maternidade e sucesso profissional é ainda mais desafiador – pois são vistos como polos opostos, sendo passíveis de julgamento caso pendam mais para um lado ou para o outro.
Aos poucos vamos nos libertando das heranças culturais e conquistando a segurança necessária para nos posicionarmos de modo diferente, mas temos um caminho longo a percorrer, e estar em grupo faz toda a diferença. Os grupos de mulheres, são locais mais seguros, pois todas estão enfrentando as mesmas inseguranças e construindo juntas um ambiente de apoio mútuo. Aprender como vender e como se posicionar é fundamental, uma vez que ninguém saberá tanto de um determinado negócio, quanto sua idealizadora. É preciso usar a própria voz, e vencer as dificuldades aos poucos.
Nos grupos de empreendedoras aprende-se que networking é muito mais que a troca de cartões e autopromoção. A busca é pela construção de relacionamentos e trocas genuínas, e não somente colecionar contatos. No convívio com empreendedoras muitos mitos caem por terra como: “Se mostrar é feio”, “Quem aparece demais não é profissional”, “Meu trabalho deve falar por mim”. Praticar networking não é vaidade, é estratégia, e precisamos dominar as ferramentas necessárias sem receio de parecer forçada ou inconveniente. É fundamental ser intencional, praticar a escuta atenta, compartilhar conquistas dentro de um contexto, e principalmente oferecer ajuda sem esperar retorno imediato.
Aprendemos muito ouvindo outras mulheres, e percebemos que não é errado falar sobre as próprias conquistas, basta encontrar o tom certo. Inclusive falar sobre resultados e ganhos pode inspirar as iniciantes. Na dúvida, pense que você não está se promovendo, está promovendo o que acredita e pode inspirar outras participantes.
Outro fator relevante na participação em grupos de mulheres empreendedoras de qualquer formato (fóruns online, associações setoriais, grupos com encontros regulares, etc) é capital social , ou seja, as conexões geradas (redes, apoio, parcerias ). É comum o surgimento de oportunidades de colaboração, que podem resultar em novos produtos, serviços, canais de distribuição ou negócios conjuntos. Ao participar de um grupo onde se compartilham contatos, referências, mentorias e colaborações concretas, é possível ter acesso a recursos muitas vezes inacessíveis isoladamente.
Em ambientes mistos ou tradicionais, a presença feminina pode ser menos valorizada; trabalhar em rede com outras mulheres cria uma plataforma onde os desafios de gênero são compreendidos, compartilhados e enfrentados coletivamente. Estando em rede conseguimos encontrar atalhos e ultrapassar barreiras específicas — como menor acesso a financiamento, redes formais dominadas por homens, estereótipos de gênero e menor visibilidade.
Sem falar no capital psicológico, desenvolvimento de confiança, sensação de pertencimento, maior visibilidade e protagonismo – dimensões essenciais para a saúde mental e para o sucesso empreendedor. Empreender é, muitas vezes, um caminho solitário e os grupos femininos oferecem um ambiente onde é possível expressar dúvidas, errar, aprender e se sentir compreendida. Grupos de mulheres empreendedoras frequentemente estimulam a criatividade e a inovação pela diversidade de perspectivas e experiências, e muitas vezes acabam sendo o estímulo necessário para seguirmos em frente.
No Brasil, A RME Rede Mulher Empreendedora é a maior plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino da América Latina com quase 1 milhão de participantes, além dos grupos relacionados às associações comerciais dos municípios.
Convido vocês a ingressar nos grupos de empreendedorismo, pois somente ao participar com regularidade dos encontros e atividades, é possível compreender de fato a energia especial e a incrível dinâmica que se estabelece quando mulheres se unem com um propósito.





