A adolescência é um momento em que os filhos costumam testar os limites impostos pelos pais. Isso pode se manifestar de diversas formas, talvez ao questionar regras, ou ao desobedecer a ordens, quem sabe até ao ignorar contatos feitos pelos pais. A criatividade dos jovens para a transgressão é surpreendente. Estes confrontos costumam ter como um dos objetivos mapear a reação dos pais. Isso é, até onde a rebeldia é tolerada e a partir de que ponto começam a existir penalidades. Neste contexto, cabe o questionamento às mães: o que o enfrentamento do filho adolescente desperta em você?
Por exemplo, imagina que seu filho saiu à noite com amigos, sendo definido um horário para o retorno, e ele não chega em casa na hora acordada, sem dar nenhum tipo de satisfação. Qual a primeira coisa que passa pela sua cabeça? Você espera acordada e aflita, imediatamente pensando em cenários catastróficos que envolvem hospitais, delegacias, ou até mesmo o Instituto Médico Legal? Ou você fica chateada com a quebra do combinado, o desgaste na relação, mas imagina que o adolescente se atrasou para continuar se divertindo com os amigos por mais tempo?
Este questionamento depende do local onde as pessoas vivem, do perfil da mãe, do estilo de vida do adolescente, do tipo de relacionamento entre os dois, do histórico de todos os envolvidos, dentre outros diversos fatores. Não existe resposta certa ou errada, muito menos melhor ou pior. Como na maioria dos assuntos relacionados à maternidade, cada experiência é única e deveria ser livre de julgamentos.
No meu caso específico, meu único pensamento nessa tipo de situação é que o adolescente se atrasou para continuar se divertindo com os amigos por mais tempo. Não porque a gente more num lugar sem violência, pelo contrário. Mas acredito que, caso acontecesse algo preocupante, aí sim meu telefone tocaria imediatamente com pedidos de ajuda. Quer seja antes ou depois do horário combinado para o retorno à casa. O silêncio me remete à falta de problemas graves. Sem dúvida, esta forma de pensar é influenciada pela experiência da minha própria adolescência, quando eu costumava chegar depois do horário combinado para me divertir por mais tempo.
Escondida no meio dos desafios da maternidade, costumo enxergar a oportunidade de aumentar o autoconhecimento. O tipo de preocupação e a reação de cada mãe tende a refletir bastante a forma dela ser e sentir. Avaliar minha reação no caso da minha filha não chegar em casa no horário definido acaba revelando bastante sobre mim, sobre minha história, meus valores e minha forma de enxergar o mundo. Não é novidade que os momentos difíceis podem ser fonte de aprendizado. Analisando sob essa lente, um aprendizado possível do exercício de ser mãe de adolescente é aumentar meu autoconhecimento.
