Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Eu, colunista? Imagina só!

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Nunca me achei um exemplo a ser seguido, e isso não seria diferente ao assumir o papel de mãe. Como, então, poderia passar pela minha cabeça ser colunista numa revista sobre maternidade? Nunca ofereci uma família de comercial de margarina para minhas filhas, não tenho uma lista de recomendações sobre como ser uma boa mãe, nem acredito que exista um manual a ser seguido (e sobre o qual eu pudesse escrever).

Como se essa ideia não fosse descabida o suficiente, pensei em escrever exatamente sobre a parte que me parece mais difícil da maternidade: a criação de adolescentes. Logo eu, que nunca tinha conseguido entender a adolescência nem quando a vivenciei, muito menos agora que acompanho essa experiência no papel de mãe. Se muitas vezes me sinto mais desorientada do que minha filha adolescente, que orientação eu poderia dar a outras mães escrevendo numa coluna mensal?

Por outro lado, não gosto de textos sobre maternidade que versem sobre um mundo perfeito que não tem nenhuma conexão com minha realidade. Não me conecto com recomendações e dicas que parecem saídas de uma cartilha que estipula o que é certo e errado na relação entre mães e filhos.

Chego a sentir uma ligeira vergonha alheia quando as pessoas usam a criação de seus próprios filhos como cases de sucesso. Talvez eu seja a única mãe que implica tanto com esse ponto de vista tradicional e romantizado da maternidade. Mas se existirem outras como eu, meu público alvo já está definido.

Então pensei: e se eu escrevesse uma coluna do jeito que eu gostaria de encontrar para ler? Que falasse sobre as dificuldades do relacionamento com filhos adolescentes. Do distanciamento que surge sob o rótulo de independência. Da necessidade de reconstruir um relacionamento que parecia sólido e se esvaiu como fumaça. Dos novos temas que surgem nessa fase, que costumam ser bem diferentes dos que permearam o puerpério e a infância das crias.

Talvez meu relato traga identificação para outras mães. Pode ser que me proporcione a sensação de pertencimento ao perceber que não sou a única a ter tantas perguntas sem respostas. No mínimo, terei um espaço para desabafar quando só me restar olhar a porta fechada do quarto da minha filha, ou alguma resposta dela enviada pelo WhatsApp contendo no máximo três letras. Mas o que realmente me motiva a começar essa coluna é a ideia de deixar uma coletânea de textos mostrando para minha filha que esse período não vem sendo fácil para mim também, mas que estou dando meu melhor para buscar crescer junto dela, para cantar minha canção iluminada de sol, em vez de me contentar em ser como uma das pessoas da sala de jantar, ocupada em nascer e morrer (mesmo sabendo que dificilmente minha filha vai entender essa referência musical).

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