Mulheres-mães protagonistas da própria história

Música e violência psicológica contra mulheres

Música e violência psicológica contra mulheres

Compartilhe esse artigo

Após conquistas históricas, após lutas ferrenhas por igualdade de direitos é necessário um cuidado contínuo para que essas conquistas femininas não se percam no caminho.

Desse modo, conversaremos um pouco sobre as letras de músicas que insistem em trazer as mulheres para o universo do machismo, da desvalorização, da submissão, do total retrocesso de direitos, além de reforçarem diversos tipos de violência contra a mulher.

É preciso ficar atenta, não se trata de uma simples música ou letra de canção inofensiva, é algo bem maior. Muitas pessoas dizem que isso é “mimimi’, mas não é. Ter o direito de votar, de usar uma calça, de se divorciar, de ser uma cidadã de direitos foi uma luta muito árdua. Ao ouvir músicas que retratam o universo feminino, escute cada letra com bastante atenção.

Ressalto que essa reflexão não tem nenhum objetivo de analisar literariamente, nem de tolher a criação literária ou a licença poética. A licença poética não pode ir na contramão do respeito, da igualdade de gênero, não pode induzir o outro a violência psicológica, sexual, física, econômica… em vários segmentos da música há letras que discriminam, insultam as mulheres. A música é atemporal e reflete o momento social de sua criação.

Observe como nessa canção, e nesse período de criação, esse poder sobre a mulher está presente. Marina – Nelson Gonçalves.

“Marina, morena, Marina, você se pintou; Marina, você faça tudo, mas faça o favor; não pinte esse rosto que eu gosto; que eu gosto e que é só meu; Marina, você já é bonita; com o que Deus lhe deu; me aborreci, me zanguei; já não posso falar; e quando eu me zango, Marina, não sei perdoar.”

Na composição o poeta diz que não vai perdoar. Quantas vezes ele falou, mas ela não obedeceu. … Quem precisa de perdão é o eu lírico masculino ou a mulher? Nos versos seguintes ele diz que ela não encontrará outro igual, você percebe como a dominação é exercida sobre a mulher, fragilizando-a.

Esse é um dos piores tipos de violência contra a mulher porque, muitas vezes, é imperceptível e de difícil comprovação, é a chamada violência psicológica. “Eu já desculpei muita coisa; você não arranjava outro igual”, transforma a mulher num ser incapaz, frágil, dependente emocional e psicologicamente, assim, a mulher, fica totalmente dependente do agressor.

Segundo o Instituto Maria da Penha a violência psicológica é descrita como qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; que prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões.

No gênero canção há inúmeras músicas que diminuem as mulheres. Qual o objetivo, a finalidade? Por quê? Você já se indagou? Desse modo, indiretamente, e quase imperceptivelmente, vamos perpetuando o tratamento diferenciado dado à mulher. Continuemos atentas, vigilantes e espalhando canções a nosso favor… Simone – Uma nova mulher:

“Livre, livre, livre para o amor; quero ser assim, quero ser assim; senhora das minhas vontades e dona de mim; livre, livre, livre para o amor; quero ser assim, quero ser assim, senhora das minhas vontades e dona de mim…”


Autora: Maria das Graças de Oliveira Rocha – @mariadasgracas.rocha.9.


Texto revisado por Daiane Martins.

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário