Errei no parâmetro materno que eu mesma criei e eu mesma estou desconstruindo aqui.
Sabe, antes da gente virar mãe, temos uma série de modelos e construções sociais do que é a maternidade que nem são nossos.
E aí quando a realidade vem, é um baque.
Porque antes de ser mãe a gente não leva em conta a principal base da maternidade em uma sociedade patriarcal: a sobrecarga da mulher.
E sabe, eu não queria que fosse assim. No meu mundo ideal – que não existe – todos dividiriam as cargas, até porque, um bebê é um futuro cidadão e peça para continuar fazendo o sistema rodar.
Só que ninguém vê assim. E ser mãe é o trabalho mais invisível que pode existir na face da Terra. Mas esse não é um texto sobre isso.
É sobre como a sobrecarga faz a gente ser a mãe que não gostaríamos de ser.
Hoje eu tive um dia péssimo. Extremamente sobrecarregado de afazeres e, ao mesmo tempo, sozinha com a criança.
No tempo que estava com ele tive que: cotar festa de aniversário dele, resolver pendências rápidas (para quem não está cuidando do filho e fazendo ao mesmo tempo) de trabalho, manutenção e coordenação da casa e, ainda, monitorar a saúde porque ele está no milésimo resfriado.
Então banho, vitaminas, lavagem de nariz… Aquela coisa de criança doente que as mães sabem.
Enfim, o fato é que passou a hora da soneca, eu não vi. Ele estava acordado ainda. Dei almoço, com muito choro e o choro só cessou com o YouTube – check – primeiro erro.
Depois fui colocar para dormir, a criança agitadíssima e caindo de sono. Estou passando pelo processo do desmame, então ele queria mamar e eu não ia dar, pois com o estresse que estava seria 10x pior e o que me restava de paciência ia acabar – corta para: eu estou tendo crise de ansiedade toda vez que amamento.
Tive que recorrer à mamadeira e pasmem: mais YouTube na tv para embalá-lo na cadeira até ele pegar no sono, segundo erro – check.
Enquanto isso, eu olhava para o céu, pedindo uma ajuda divina para que ele dormisse logo e eu desabar de tão cansada e culpada.
Ao mesmo tempo que estava pedindo essa ajuda, pensei em toda a minha retrospectiva materna e o quanto eu resisto a dias como esses. O quanto eu faço o esforço que muitas vezes eu achava que não tinha, para não me render a telas ou bicos. Todos os dias.
Foi só um dia ruim, que, por sinal, ainda nem acabou.
Foi só uma manhã ruim, no caso.
E isso, não define a minha maternidade.
Autora: Luana Assis – @luanassis
Revisão: Vanessa Menegueci – @elasoqueriaescrever