Por Neila Corrêa
Acredito que a paternidade é um acontecimento na vida de um homem (ou figura paterna), não um marco, como ocorre com a maternidade.
É impossível não tecer comparações entre os dois papéis porque a discrepância é sem tamanho. Ao pai foi delegado o cuidado, mas um cuidado muitas vezes assistido, daquele que pode esperar, mais rudimentar, inclusive.
Ser pai é amar, obviamente, mas não é mudança brusca e angustiante. A paternidade não anula outras funções sociais, mesmo que o pai diga que a prioridade é o filho. Acredito que a maneira leviana como muitos conduzem se deva ao fato de a sociedade colocar o homem de maneira geral, nesse lugar de que tudo pode.
A responsabilidade pela paternidade que seleciona tarefas, que não se atualiza em relação a estudos sobre a infância, por exemplo, é nossa. Cabe a todos, um rearranjo dessa construção, uma tomada de consciência, um desejo mesmo. Vejo que ao pai é permitido errar.
Vejo uma cultura conivente com espaço de privilégio. E por trás disso tudo há sempre uma mãe sobrecarregada e exausta.
Aos pais que fazem o melhor possível, de fato, de verdade, e que pensam sobre tudo isso, gratidão.
Aos demais, melhorem.