Mulheres-mães protagonistas da própria história

Coluna | O filho real x o filho imaginário

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Quando se engravida, um turbilhão de emoções e pensamentos começam a invadir os nossos dias.

Seja uma gravidez planejada ou não, desejada ou não, é quase inevitável que a partir do momento em que tomamos conhecimento do positivo, muitas expectativas começarão a fazer parte de nós e das pessoas que convivem conosco.

Ao nos prepararmos para a chegada de um filho vamos, aos poucos, definindo um espaço para ele em nossas vidas. Neste processo, imaginações e questionamentos tendem a se intensificar.

Há, muitas vezes, uma expectativa sobre o sexo do bebê, uma idealização sobre sua aparência e personalidade, suposições se irá gostar disso ou daquilo, se terá essa ou aquela característica…

Nós, mães, criamos impressões, fantasias e sentimentos sobre esse futuro bebê desde o período da gestação.

Essas representações são resultado de nossas referências verbais, sobre o nosso desejo ou não da maternidade e podem ser intensificadas através do movimento do feto, do aspecto do bebê e da própria função materna.

Quando o bebê nasce, o contato inicial com esse filho, por si só, tende a acarretar uma experiência emocional profunda e é neste momento que o confronto entre o real e o imaginário pode se intensificar. Às vezes, ele é sutil e não provoca emoções tão fortes, mas em situações em que o filho real (fruto do nascimento) se distancia muito do que foi imaginado e desejado, uma avalanche de sentimentos tende a nos engolir.

Após o nascimento e o nosso contato com o filho recém-nascido, teremos que elaborar a perda do bebê imaginário e investir na relação com o bebê real.

Geralmente, isso ocorre de forma natural, com o estabelecimento de um vínculo gradual com o bebê real e um desinvestimento no bebê imaginário. Mas, nem sempre é assim.

“Uma maçã não cai longe da árvore”, diz o ditado. A realidade de muitas famílias, porém, mostra que a situação pode ser bem diferente.

Andrew Solomon, premiado autor de “Longe da Árvore” diz que quanto mais alheio ou estranho (ao filho ou filha idealizados) o bebê for, mais forte será a sensação de negatividade – e isso poderá representar uma afronta ao ego da mãe ou mesmo da família como um todo.

A ciência mostra que esse desequilíbrio entre o bebê imaginário e o bebê real pode ser mais intenso em mães cujos filhos nascem prematuros ou com deficiência.

Elas, em geral, experimentam uma ambivalência enorme de sentimentos, pois esse bebê pode representar a não concretização do que era imaginado, sonhado e idealizado na gestação. Se engana quem pensa que isso só acontece no puerpério.

A elaboração da perda do bebê imaginário e o fortalecimento do vínculo com o filho real é um processo que muito é beneficiado quando há uma rede de familiares e profissionais que acolham, apoiem e ofereçam suporte a essa mãe.

Esse apoio é fundamental para o vínculo mãe-bebê e para que haja um investimento emocional e afetivo, com desejos, esperanças e sentimentos nessa nova relação.

E no seu caso, seu filho é realmente como você esperava?

Autora: Roselaine Pontes de Almeida – @roselainepontesdealmeida
Revisão: Vanessa Menegueci – @elasoqueriaescrever

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