Carta – À minha menina

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Menina, eu queria poder te jurar que ninguém neste mundo irá cavar um buraco no seu peito, tão fundo, que em alguns momentos você sentirá apenas dor e solidão. Porém, o que eu posso prometer é aconchego de mãe.
Queria dizer que os mais próximos, todos, a amam e hão de protegê-la. Entretanto, é preciso a sincera afirmação, que mesmo entre os seus, seres egoicos se colocam acima de sentimentos pueris.
Eu queria poder lhe dizer que todas as pessoas são boas e nobres, mas a mim cabe contar que elas estão dando de si o que podem e têm, por isso, nem sempre há equilíbrio nas relações.
Por ora, eu posso ir fazendo da sua infância ludicidades, cores e imaginação.
Por ora, posso, sem pesos, falar sobre pássaros e borboletas. Podemos cheirar flores e assistir o jardim dançar ao vento. Podemos nos vestir de sol e lua…
Contudo, cada vez que se fizer tempo, eu a ensinarei sobre pousos em portos seguros, sobre distâncias que podem ser confundidas com fugas, mas são gestos reais de autoamor.
Cada vez que se fizer tempo, buscaremos saberes antigos. Dissertaremos sobre a sua capacidade e sapiência de ser fêmea, fértil em ideias e força.
Assim, menina, vamos juntas sopesando, buscando o lugar do meio entre o crescimento e a felicidade. Assim, você vai aprendendo que não precisa exigir de si uma bondade em demasia, mas também, não precisa encharcar a alma de maldades e fel.
Assim, você se fará apta a enfrentar suas lutas; ser a curandeira das suas dores, sem paliativos fugazes. Assim, você saberá o que é real e afugentará felicidades ilusórias.

Por Tâmara F. Menezes – @anversopoetico

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