A maternidade de hoje

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Um belo dia, recebi uma mensagem de uma amiga me apresentando algumas escrevivências maternas. Ela disse que adoraria ler um relato meu. De fato, a maternidade me motiva a sobreviver e falo diariamente balelas do dia a dia de uma mãe de um filho de vinte anos, um de quinze e uma menina de cinco anos, esta autista. Com certeza, não me faltam temas. Ao ler alguns, comecei a idealizar os meus próprios: primogenitura, adolescência, depressão, prematuridade, autismo. Eram tantos assuntos dentro de cada tema que a cabeça chegava a latejar com mil palavras enquanto um dos pertencentes da prole, ou queria algo pronto, ou alguma crise precisava ser sanada, ou algum documento que eu esqueci de entregar, talvez uma dor que eu tinha que decifrar, sei lá. Nisso, cada palavra se diluía numa ação ou outra. Os dias passando e muitos temas na cachola. Tantos que nem eu sabia o que falar. Tudo que consegui ler era tão real. A maternidade pode até trocar de endereço, mas permanece íntegra na maioria dos casos. Escrevi um pouco sobre uma filha nascida com um quilo. Esbocei sobre um divórcio que feriu meus filhos. Redigi sobre autismo, e ainda assim, eu não consegui decidir. Poesia? Vivências? Relato? O tempo passou e hoje, dia vinte, exatamente às vinte e vinte, me pego aqui com a minha filha pulando, um filho na faculdade, um outro jogando, marido trabalhando e eu tentando, de migalha em migalha, apenas dizer que eu amo a louca maternidade. Amo meus filhos. Amo a loucura que recai sobre mim e eu me medico, choro e sigo, diariamente. Entre surtos e amores, a mãe nunca para. A única que sempre está de pé. Ela que tem todas as respostas. Que sabe os segundos exatos para uma mamadeira ficar bebível. Que limpa um bumbum enquanto come. Então, essa é minha escrevivência de hoje: dia de pediatra, gritos, estereotipias, bombinha, almoço, jantar, de carregar um, dois, três filhos e os tornar os seres mais felizes do mundo. Estou cansada. Amanhã será outra vivência pra ser digitada. Sejamos vivas, que cada mãe se permita sofrer, chorar, cair, mas que em três segundos seguintes possa estar de pé para a sua nova missão: não parar nunca.

Por Michelle Monique – @miche.llemonique

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