Filhos, pura inspiração

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Filhos, pura inspiração, Silvane Silveira Fernandes – @silvanesilfernandes

A maternidade chega com tudo na vida da mulher, vem primeiro através do desejo e de uma vontade de multiplicar o amor quando se acha a pessoa certa. Logo chega a vontade de constituir uma família, onde a completude do ser toma sua melhor forma: o amor pleno no lar, o preenchimento de todo e qualquer vazio que a alma carregou até aquele momento. Logo vem aquele frio na barriga e a expectativa de saber: “Será que estou grávida?” É um sentimento de sorte como ganhar um prêmio, a descoberta no teste positivo faz da mulher uma vitoriosa. A alegria é tamanha que esquecemos toda a insegurança e a dificuldade que virá ao gerarmos uma vida. E ainda depois disso: cuidar, criar, proteger, prover. Esta vida divina, vinda para fazer acontecer, mudar, tornar esta mulher uma mãe…eternamente mãe.

A gestação é uma batalha pessoal. Aguentamos todas as mudanças: no corpo, na mente e na alma. De forma positiva, superando obstáculos e inseguranças nos fortificando na fé e na esperança. O tempo vai passando e a perspectiva muda para cada uma. Tem dias que demoram a passar, muitos enjoos e transformações. Nosso corpo cresce e dentro dele uma nova vida aparece, vai tomando forma a cada dia e nos enche de vida. Ficamos radiantes, iluminadas, nos sentimos abençoadas e nos deparamos com o maior desafio das nossas vidas.

A cada exame nos fortificamos, a cada mês contamos os dias e as horas que já passaram e quando chega perto do fim, mesmo ansiosas nos acalmamos, pois o que queremos nesta fase é que o bebê fique dentro de nós o quanto precisar, evitamos ao máximo qualquer ato que possa acelerar o seu nascimento, já que sabemos que tudo tem seu tempo. O desejo é que tudo dê certo, mas como tudo na vida…nada é certeza, então torcemos e a família também.

Ter um filho exige muito de nós e certamente exigirá para o resto da vida, porém a magia do agora nos faz pensar somente naquele momento, dia e mês. Naquele trimestre, nesta gestação e todo o resto fica com menos importância, a não ser que esta mãe já tenha um filho, porque nesta situação seu coração está em dois. Esta mãe pensa todo dia no pequeno já nascido que está a espera do irmão, passando igualmente por muitas transformações. 

Todos que nos cercam, todos que nos amam, acompanham e torcem pelo sucesso desta nova vida, deste ser querido e desejado que fará parte da família.  O bebê é pura inspiração, a cada amanhecer toda a energia, todo o pensamento é para ele, é para nós, para o nosso bem-estar e o desfecho de toda esta batalha, de todo este desafio, ocorrerá no maior campo de provações, em um hospital. E quando chega o dia do nascimento o mundo para e tudo se concentra naquele ato heroico de dar à luz, iluminando nossas vidas com esta pessoa que está chegando ao mundo.

Em nossos braços, no colo do papai, no abraço da mamãe, no olhar do irmão. Quando ele nasce o mundo se abre, a calmaria toma conta e quando vemos estamos em casa, no aconchego do lar, com uma dinâmica desconhecida que nos exige muita força e paciência, muito cuidado e amor. Todos juntos a família se torna plena e os dias passam com alegria e descobertas a cada fase, a cada mês e assim segue a cada ano. Nos tornamos mulheres completas, mães leoas que, como todas as mães da natureza, carregam seus filhos onde forem e os defendem com todo seu amor.

No meio destas transformações com o filho amado que acabou de chegar, muitas mães se desencontram consigo mesmas e depois de um tempo, com ele maior, mais independente e mais forte, tendem a voltar a procurar dentro de si mesmas a sua essência, o seu eu. Muitas vezes reencontram-se e nesta hora tudo fica melhor, pois nos vemos mais fortes, amadas, bonitas e mais capazes.  O amor é infinito e a família prospera neste amor único, que liga a todos e orienta nosso rumo, nosso caminho. Passando a fase difícil, chega a satisfação de termos uma família, de termos filhos, de nos sentirmos completas e assim o desejo é: continuidade.

A mulher se encontra consigo mesma novamente e passa a criar novas perspectivas dentro desta dinâmica familiar e neste momento ela sente que os filhos são pura inspiração. É tudo por eles, para eles… e esse amor nos move para atravessar o mundo, para enfrentar tudo. Quando esse bebê cresce, a vida fica um pouco mais leve e conseguimos ter tempo para refletir e com isso, no meu caso, surgiu uma nova inspiração: a escrita.

Vendo a infância de meus filhos, observei através deles como é a criação divina, como é o pensamento inocente, o vislumbre através de um olhar que vê algo extraordinário pela primeira vez. Sabores, cores, a beleza de toda a terra, os animais, a natureza, tudo é encantamento e para nós adultos, que já havíamos perdido este olhar ele volta, com mais força e com mais contemplação.

Revivemos nossa infância com a alegria de presenciar a infância dos nossos filhos, brincamos e aprendemos junto com eles e a vida se torna ainda mais mágica. Porém a luta continua por eles, pelo bem-estar e segurança dos pequenos, a fim de garantir que eles possam viver da melhor forma, livrando-os de todas as mazelas mundanas, buscando oferecer a eles o melhor deste mundo, as belezas e alegrias que todos buscam nesta vida.

E foi assim que, apenas depois de ter meus filhos um pouco maiores com 11 e 5 anos que comecei a escrita. A escrita criativa, a poetizar a vida, a criar contos infantis e adentrar neste mundo literário como escritora. Atividade que nunca imaginei ser para mim… escrever chegou em minha vida depois da maternidade, depois de passar as dificuldades, quando tudo ficou mais calmo, que meu espírito sossegou e compilou tudo o que viveu. A maternidade foi tão arrebatadora, tão transformadora que virei poetisa!

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