João é o carinha que me tornou mãe. E eu sempre vou agradecê-lo por isso. É o meu menino incrível, que me faz viver muitas primeiras vezes: o primeiro cocô catastrófico, o primeiro banho no chuveiro, o primeiro rolê sozinhos, o primeiro dia de aula… e por aí vai.
Acho que ele não sabe (talvez eu precise falar mais vezes e de maneira mais clara para que ele entenda), mas é a coisa mais maravilhosa do mundo viver essas primeiras — e todas as outras — vezes com ele.
O difícil é dar valor a todas essas vezes em que fazemos tantas coisas deliciosas juntos, na correria do dia a dia. Rotina, cansaço, trabalho, casa e tantas outras demandas atropelam a gente, e vamos deixando passar. Mas não pode! Não deve! É difícil demais, eu sei. E eu faço isso direto, inclusive. Mas é péssimo.
A fotógrafa Maria Dinat diz que “vive encantado quem vê beleza no ordinário”. Essa frase é uma releitura do famoso conceito de dar valor às pequenezas do dia a dia. Reconhecer as coisas legais, as primeiras e as outras tantas vezes que, às vezes, passam batido na rotina diária.
E meu João incrível reforçou isso para mim dias desses, do jeito mais bobo (e sensacional) do mundo…
Ele estava com otite e precisou aplicar uma solução otológica para ajudar na inflamação. Bem simples: ele deitava no meu colo e eu pingava três gotinhas do remédio em cada ouvido. Rápido, indolor, com uma leve coceguinha quando o líquido descia pelo canal do ouvido — e uma risada gostosa ao final de cada aplicação. Mas, para ele, a graça mesmo estava no “pelo menos eu deito no colo da mamãe enquanto ela aplica o remedinho”.
TOMA. ESSE. TAPA. NA. CARA.
Ao invés de reclamar da dor, de ter que aplicar o remédio ou qualquer outra coisa, ele estava grato por deitar um pouquinho no colo da mamãe.
Sim. Meu menino, que não tinha nem cinco anos, estava ali me ensinando sobre gratidão. De maneira simples, com uma visão deliciosa de um processo que podia ser chato — mas que tinha ali a sua graça.
Ele estava grato por esse momentinho só nosso.
Essa foi mais uma nova primeira vez com João: Ser grata com (e pelo) meu pequeno. Me abrir os olhos para ver a beleza nas coisas bobas do dia a dia.
Obrigada, filho!
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Marina Zyrianoff / @Zyrianoff





