Passar os dias em casa por causa da pandemia de coronavírus é chato para todos. Mas, para o adolescente, com sua usual intensidade e urgência, isso parece decretar o fim de sua vida social.
Apesar de não ser uma profissional da área da saúde, tive que explicar para minha filha sobre período de incubação, doentes assintomáticos e outros assuntos que não costumam estar em nossas conversas cotidianas. Mas nessa idade, existe a sensação de ser indestrutível, o que fez com que muitos dos meus argumentos fossem recebidos com descrença, me trazendo o rótulo de mãe exagerada.
Ao mencionar fatos de outros países, onde as pessoas foram proibidas de saírem de casa, a resposta que tive foi que não estamos nesses lugares. Como se a informalidade e transgressão, que tradicionalmente permeiam nossa cultura, nos garantissem alguma proteção adicional contra o vírus.
Como se o assunto já não fosse difícil o suficiente, minha filha continua a ser chamada para festas, passeios no shopping, na piscina, na praia e etc. Afinal, os colégios suspenderam as aulas e parece que a maioria dos seus amigos está aproveitando essas ‘férias fora de época.’
Numa idade em que o pertencimento ao grupo é tão importante, ser uma das únicas mães que impede a participação da filha na agenda social me leva ao rótulo de mãe carrasca, sem coração. Aquela que não entende o que é importante para a filha.
Por isso, aproveito esse espaço para fazer um chamado às outras mães de adolescentes. Onde moro, as aulas já foram suspensas, e me parece que esse é o destino provável de outros lugares também.
Faço meu pedido para que meu esforço de manter minha filha em casa nesse período sem aulas não seja uma batalha individual minha, e sim um objetivo comunitário. Juntas, será mais fácil explicar aos nossos adolescentes que as festas e passeios podem e devem ser adiados. Juntas, os desafios parecem menores.
Juntas somos mais fortes.