Deixar os bebês e as crianças expostas ao som alto durante o período do Carnaval pode ser prejudicial para os ouvidos
No período de Carnaval é comum as pessoas irem a ensaios e desfile de escolas de samba e atrás do trio elétrico em bloquinhos e levam as crianças junto, comportamento que pode trazer prejuízos à saúde, como, por exemplo, aos ouvidos, pois elas passam a ter um sintoma muito comum na população: o zumbido.
Porém, as exposições de bebês e crianças ao som alto podem gerar um problema invisível aos olhos dos adultos, mas bem impactante para as crianças. “Se o bebê ou a criança for exposto ao barulho excessivo, pode sofrer lesões no ouvido, mas provavelmente só vai chorar e não vai saber contar isso aos pais. Na verdade, ele pode ter dor no ouvido pelo som alto ou até zumbido e perda auditiva, sendo que esses últimos podem ser temporários ou definitivos. Algum tempo depois dessa lesão, ele pode ter hipersensibilidade auditiva, ou seja, uma intolerância aos sons normais do cotidiano, como a televisão, conversas, rádio, dentre outros. Esse incômodo pode acontecer alguns dias ou semanas após a exposição aos barulhos”, explica a Dra.Tanit Ganz Sanchez.
O barulho gerado pelas enormes caixas de som pode chegar até 150 decibéis. É quase o dobro da carga indicada para a saúde auditiva. Além disso, nas crianças, a exposição ao som alto, pode gerar outro problema, também invisível e nem sempre compreendido pelos pais. “Choro e irritabilidade das crianças na presença de barulho pode representar uma forma de manifestar a Fonofobia (medo de sons), enquanto as crianças não adquirem vocabulário suficiente para se expressar. “A fonofobia é um desconforto emocional muito forte por medo de eventos com sons altos. Esses pacientes, sejam crianças ou não, precisam ser dessensibilizados através de sons baixos para que não tenham muito comprometimento da vida social”. complementa a Dra. Tanit.
Entenda mais sobre a Hipersensibilidade auditiva:
A Hipersensibilidade Auditiva é uma intolerância aos sons do dia-a-dia. Por mais que seja esperado que os sons altos incomodem mais pessoas do que os sons baixos, os portadores de hipersensibilidade já começam a incomodar com sons a partir de 95-100 decibéis. Para se ter uma noção, uma conversa em volume normal alcança cerca de 65-70 dB.
Nos casos mais graves de Hipersensibilidade, as pessoas já sentem desconforto ao ouvirem sons de 40 ou 50 dB, o que praticamente inviabiliza uma vida profissional ou social. “A hipersensibilidade auditiva pode aparecer sozinha ou acompanhar o zumbido no ouvido, um som interno e individual que afeta crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos”, complementa a médica.
A dica da especialista para evitar isso é colocar os protetores auriculares e fazer um intervalo de hora em hora do barulho, além de se manter distante do das caixas de som ou da bateria, “Esse cuidado é necessário para que os tímpanos ou qualquer outra parte do canal auditivo não sejam afetados, pois temos muitos pacientes sendo tratados devido a essas exposições e ao som alto, que pode até causar danos irreversíveis, como possivelmente apresentará perda de audição precoce”, complementa a Dra. Tanit Ganz Sanchez.
Sobre a especialista Dra. Tanit Ganz Sanchez:
Médica Otorrinolaringologista formada pela Universidade de São Paulo; Há mais de 25 anos, pesquisa os sintomas de ouvidos desvalorizados pela medicina, como zumbido, misofonia e hiperacusia, sendo reconhecida internacionalmente, é fundadora e Diretora do Instituto Ganz Sanchez e criadora e coordenadora do: – GANZ: Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido. Idealizadora do Novembro Laranja (Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido) e da TV Zumbido (www.tvzumbido.com.br).