Que você ficará doidona em um nível jamais imaginado durante o primeiro ano de vida da criança;
Que as pessoas projetam o choro engasgado, trauma de infância e toda sorte de conteúdo emocional reprimido no dorso de seu filho;
Que o mundo espera que você encarne o Arquétipo da Virgem Maria com todo seu esplendor, e ai de ti não ser pura, devotada, sacrificada e resignada; isso significaria admitir/lidar com a humanidade da própria mãe. E isso, meu amigo, isso é inadmissível;
Que os grupos maternos podem ser campos de disputas egóicas surreais e dissimuladas, deixando qualquer ambiente corporativo no chinelo;
Esse todo mundo sabe, mas é um tanto estranho ver na prática: o outro sentirá ciúme de sua relação com seu filho;
Que junto com o papel materno vem a culpa acoplada. Não bastasse a culpa auto-infligida, há a culpa que a sociedade insiste em nos empurrar goela abaixo. A criança dá um peido e “ALÁ, CULPA DA MÃE QUE DEIXA O PIVETE O DIA INTEIRO NO TABLET.”
Dizem que amamentar é difícil, mas e o desmame? Mano… Nunca engoli esse papo de tábula rasa, agora menos ainda: como é lindo ver um indivíduo nascendo, se manifestando, se espalhando e se formando.
Olha isso não é do pai, hmm mas também, não é da mãe, hmm será que saiu a tia? Nah, isso é pura e simplesmente ela, toda bela, luz e sombra, humana, demasiado humana. Serumaninha. O quão impressionante, belo e fantástico é ver a vida manifestada em forma de cria.
Já se passaram quatro anos, mas ainda me flagro em constante estado de espanto. É a vida ali, pura, simplesmente. E isso é lindo e bizarro.
Bota bizarro nisso.
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Autora
Ava Elizabeth é oraculista, agente de viagens, beatlemaníaca, escrevinhadora e mãe.