Sim, gente. Dói e muito! E é importante falarmos disso, porque passamos a vida toda ouvindo que amamentar é divino, maravilhoso, mágico, mas, quando chega a hora de termos essa experiência, a frustração inicial é do tamanho da própria dor. É um abismo.
Eu cresci ouvindo minha mãe dizer que “amamentar é a melhor sensação do mundo”. Então, quando engravidei, esperei ansiosa por esse momento. Ficava imaginando quão bom deveria ser e foi impossível não criar expectativas ótimas em relação a isso, acreditando que seria lindo.
Mas, para minha imensa surpresa, a sensação foi horrível! A frustração veio já na primeira mamada, porque, embora o mamilo ainda não estivesse machucado naquele momento, eu estava me sentindo extremamente fraca por conta do parto, cheia de dores em cada canto do corpo, sangrando um monte, com um cansaço insano, e um universo de novidades e responsabilidades pra dar conta. Eu não estava aguentando nem comigo.
Conforme as horas foram avançando e fui amamentando mais e mais, a dor no bico do seio começou a surgir e daí em diante foi um filme de terror pra mim. No dia seguinte ao parto eu já estava praticamente chorando de dor e cada vez que minha filha acordava era uma verdadeira tortura. Eu queria alimentá-la, mas a experiência era tão ruim que eu me desesperava só de pensar em dar outro mamá.
Lembro de pensar muitas vezes: “Por que as mulheres sempre falam com um sorriso no rosto que no começo ‘dói um pouco’? Isso passa uma mensagem totalmente distorcida ao nosso cérebro!”. Porque é isso, as mulheres falam que dói, mas sempre super sorridentes e tranquilas, então a gente entende que “amamentar dói, mas é uma dor bem suportável”.
Uma ova! A dor beira o insuportável. E tenho certeza que muitas, mas muitas mães desistem do aleitamento materno porque não conseguem atravessar essa fase. Eu chorei e pensei em desistir várias vezes, porque doía tanto que eu achava que não suportaria mais nenhum dia, nenhuma mamada.
E quando eu me queixava para alguém – médicos, enfermeiras, outras mães, num pedido de socorro mesmo -, tentando dizer: “Há algo que possa fazer? Isso dói muito mais do que fazem parecer! Porque ninguém avisa que é assim?”, a resposta sempre era: “No começo é um pouco dolorido mesmo, mas não há o que fazer, tem que aguentar. E não pode passar nada no seio, viu? Só o próprio leite, que já é cicatrizante”.
Outra ova! Eu passava, passava o leite, mas não fazia diferença nenhuma e a dor só fazia crescer. Até que, quando eu já estava no limite daquele sofrimento, minha prima me ligou e deu a dica de ouro: passar óleo de girassol nos mamilos entre as mamadas. Meu Deus, que alívio! Indo contra todas as orientações, eu passei, e isso ajudou muito. Aos poucos foi parando de doer e eu nem acreditava.
Lembro que perguntei pra minha prima: “Chega uma hora em que fica gostoso amamentar?”. Ela disse: “Sim, Jaque! Depois que para de doer é maravilhoso. Não desista!”. Serei sempre grata a ela por aquela ligação. Não desisti e pude enfim chegar à fase do prazer.
Agora posso dizer que amo meus momentos com minha filha no peito – gosto da sensação, dos barulhinhos que ela faz, da mãozinha tão macia tocando meu rosto, dos olhinhos revirando de sono, da boquinha perfeitamente encaixada em mim e do instinto que pulsa a cada sugada. É tudo muito lindo e me sinto privilegiada em poder vivenciar isso.
Porém, posso dizer também que essa é uma das tarefas mais cansativas de toda a rotina materna até então. Amamentar é divino, sim, mas não é tarefa fácil. Tem horas que me sinto um seio ambulante! Dá vontade de arrancar as tetas, sair pra bem longe, sozinha, e voltar só daqui um mês. Mas não rola, né? E, bem na verdade, mesmo que rolasse eu o não faria. Porque vida de mãe é assim, a gente quer fugir, mas com a cria embaixo do braço – e grudadinha na teta.
Por: Jaqueline Augusto
Revisão: Luiza – @lougandini