Estou almoçando e aproveitei para escrever sobre minha rotina (até mesmo porque, em qualquer outro momento, seria impossível).
Primeiro, gostaria de falar que saí da multinacional onde trabalhava, pois era na Zona Sul e eu moro na Leste e por vários outros motivos. Mesmo tendo o horário flexível e muita liberdade (o que podemos considerar um privilégio), era bem difícil de conciliar a maternidade e trabalho.
Hoje, minha rotina é bem mais tranquila por estar por perto da minha filha, mas tenho que me policiar bastante para conseguir dar conta de tudo e impor limites para que minha filha respeite o meu trabalho e não me cobre a atenção o tempo todo.
Eu entendo que a menina que achava que o que a mãe mais gostava de fazer era trabalhar, esteja feliz em me ver mais, mas sempre existe esse desafio de mostrar para minha filha que o trabalho não é mais importante que ela, porém, é o nosso sustento.
Muitas vezes trabalho depois que ela dorme, e nos finais de semana que ela está com o pai, inclusive já a levei para uma reunião com um fornecedor. E assim vai! Tenho que me desdobrar em várias para dar conta do trabalho, casa, filha e família.
O pai dela está trabalhando numa empresa bem rígida em relação a faltas, então, ele não está conseguindo ajudar muito.
Quando levo ela ao médico ou dentista, respondo aos e-mails pelo celular, além de mensagem de trabalho no WhatsApp, ligações e etc.
Já me senti muito frustrada por não poder me dedicar ao trabalho e a mim mesma, como o pai da minha filha, ou de não poder fazer um Happy Hour quando quero desestressar. Até aprendi a meditar por causa disso!
Antes, eu romantizava muito as mães empreendedoras, mas hoje entendo que muitas mães decidem empreender pela não flexibilidade e compreensão das empresas. Temos que lutar para que isso mude, mas enquanto isso, eu como empresa, coloquei como uma das propostas da minha marca, de apoiar outras mães que empreendem e estão nessa luta.
A mulher que criou minha identidade visual por exemplo, trabalha de casa para poder cuidar do filho pequeno e uma das minhas fornecedoras decidiu empreender para poder ter mais tempo para ficar com as filhas dela.
Muitas pessoas me perguntaram se eu não estava com medo de dar errado, eu sempre respondi com um belo sorrido no rosto que não, mas com um nó na garganta conto essa história, porque eu simplesmente não posso me dar o luxo de dar errado e não prover o sustento da minha filha.
Erika Anagusko é mãe e empresária de moda em sua loja de roupas e acessórios sustentáveis, a Natural Be
Nota da Editora: O intuito do relato não é um incentivo à romantização do empreendedorismo materno, mas de compartilhamento vivências.