Sobre relacionamentos e Saúde Mental Materna
Para a psicologia, manter relacionamentos saudáveis é considerado fator de proteção da saúde mental e pode até amenizar os impactos do adoecimento. A neurociência explica que o relacionamento amoroso/sexual contribui com a liberação de hormônios que causam sensação de bem-estar e felicidade.
Na vida cotidiana, percebemos os benefícios de ter parceria para momentos de lazer, apoio afetivo nas dificuldades, sentir-se amada, admirada, desejada e cuidada. Um aspecto da solidão materna é não ser reconhecida como mulher, e pode acontecer até mesmo com quem está em um relacionamento.
Muitas mulheres sentem mudanças em seus relacionamentos já durante a gestação, como se o papel de mulher, desejável e desejosa, não coubesse no mesmo corpo que ocupa o papel sagrado de mãe. Mulheres-mães ou gestantes que não estão em um relacionamento vivem uma situação ainda mais complicada, sobretudo em relações heteronormativas. Questionamentos sobre seu caráter ou acusações de estar em busca de um pai para sua criança ainda existem. E quando há oportunidade de romance, falta rede de apoio ou a julgam por deixar a criança (mesmo que seja com o próprio pai).
Maternar é um desafio, principalmente em nosso contexto social. A vivência de um relacionamento amoroso saudável pode contribuir com a saúde física e mental materna. Portanto, não tenha receio de reivindicar oportunidades de viver esse aspecto de sua vida. E quem é rede de apoio ou parceria afetiva de uma mulher-mãe, reconheça a importância dessa vivência para uma vida saudável*.
**Este texto se refere a mulheres que desejam viver essas relações. Não pretende invalidar quem não deseja um relacionamento amoroso ou quem se identifica no espectro assexual, duas possibilidades legítimas que não configuram ausência de saúde.