Por Suely Motta – @booksdasue.
Muito se fala sobre o paraíso,
Aquele em que a mãe padece
Com aquilo ou com isso.
Mas vou te contar agora sobre um lugar:
Nele não tem anjo, ao contrário.
É um inferninho bem particular.
Dante já descreveu o seu,
Vários poetas passaram por alguns,
Também já passei pelo meu.
Esse lugar as mães enfrentam, cabisbaixas ou altivas.
Ele começa na maternidade,
Quando a gente sai da sala de parto cheia de expectativas.
Esperamos amamentar, mas nem todas conseguem.
Achamos que será só um momento de amor,
E esquecemos de considerar a dor e as cobranças que se seguem.
Nesse lugar tem também muita gente,
Muita cobrança na cabeça das mães
E comparações sem sentido de trás para frente.
São familiares, até amigas e educadoras,
Cada um dando pitaco e pressionando
Até você constatar que é mesmo uma amadora.
Mas no vale infernal de toda mãe está sempre ela:
A Culpa, parece nosso sobrenome,
Nos acompanha por toda a vida como uma citadela.
Quando sentimos que precisamos de cura,
É principalmente da culpa que devemos nos livrar.
Derrubar essa fortaleza que construímos (ou terá sido a sociedade)
E que não era para estar lá.
Levar a maternidade com leveza é para poucas
Que conseguiram chegar nesse patamar.
Mas mesmo essas amigas antes disso,
Tenho certeza, de que pelo inferno da culpa
E das expectativas frustradas precisaram passar.