Mulheres-mães protagonistas da própria história

Uma mulher autista pode ser uma ótima mãe!

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A maternidade não é fácil para ninguém, pois quando nasce um bebê, nasce também uma mãe, ou seja, ambos iniciam uma aventura, até então desconhecida. Não importa quantos filhos você tenha, cada vez que você dá à luz, você se insere em um universo particular seu e do seu bebê.

Hoje vou compartilhar um pouco sobre como foi a maternidade para mim, que sou autista leve. Espero que esse texto seja proveitoso pra você.

Engravidei pela primeira vez aos 19 anos. Logo em seguida me casei com o pai dos meus filhos, porque eu sabia que aquela criança precisaria de uma família para crescer saudável e feliz.

No início da gestação comecei a colecionar revistas que falavam sobre maternidade, ensinando a como ser uma mãe, pois eu não tinha a minha mãe por perto, disponível para me orientar.

Quando a minha primeira filha nasceu, eu tive um pouco de dificuldade para aceitar as opiniões das pessoas que queriam me ajudar, afinal eu tentava fazer tudo exatamente igual ao que eu tinha aprendido nas revistas. Confesso que eu era bem resistente para aceitar ajuda!

Durante todo o período da gestação eu me senti tão linda, que acabei desenvolvendo uma depressão pós-parto assim que ela nasceu. Isso porque, eu não queria me enxergar sem o lindo barrigão!

O período da amamentação também foi muito difícil, por eu não conseguir amamentá-la. Sentia muita dor e tive mastite, uma infecção no tecido mamário.

Quanto ao parto, ele foi normal e a pior dor que já senti na vida. Eu não estava preparada para sentir tamanha dor, pois as pessoas que estavam próximas a mim, sempre me diziam para eu ficar tranquila, que dava para “aguentá-la”, e, é claro, que eu confiei nas palavras dessas pessoas.  Aliás, por favor, não enganem as mulheres autistas, sejam sempre muito sinceros e transparentes.

Depois da minha filha eu tive mais três filhos, todos de parto normal. Senti dor nos outros partos? Senti, mas foi pouca dor comparada com a primeira experiência, muito porque eu já estava preparada, o que me ajudou a “controlar” as dores dos outros três partos.

Os meus filhos nunca foram de fazer muito barulho, tanto é que os meus vizinhos sempre comentavam que nem parecia que eu tinha crianças em casa. Como eu conseguia essa proeza? Estudando o comportamento das crianças; as mantendo ocupadas com brincadeiras e atividades; e ensinando a não gritar, claro. Nunca gostei de muito barulho e de gritos – coisas de autistas!  

Com o tempo, criar e educar os meus filhos se tornou o meu “foco principal”, passei a respirar a maternidade e tudo relacionado a ela, até faculdade de pedagogia (EAD) eu cursei.

Para mim, as crianças nunca foram a pior parte da maternidade, mas o conjunto da obra sim. Não dava conta de cuidar delas e da casa, sendo essa a pior parte. Aliás, sempre precisei da ajuda do marido e dos filhos. Conforme eles foram crescendo, eu lhes atribuía tarefas simples, como guardar os brinquedos e cuidar de seus pertences, mantendo todos eles organizados, assim como as roupas e sapatos.

A verdade é que uma mulher autista pode ser mãe, inclusive, uma ótima mãe. E, o que fará muita diferença ao viver essa experiência, será a possibilidade dela contar com a ajuda dos amigos e dos seus familiares!

*Hiperfoco é quando uma pessoa autista foca num assunto em específico.


Autora: Ana Paula de Carvalho Coimbra é mãe, autista leve, professora e tem um canal no youtube onde fala sobre autismo, o Next Station.

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