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Amamentação | Do paraíso à exaustão; e a redescoberta do prazer em amamentar meu bebê

Amamentação | Do paraíso à exaustão; e a redescoberta do prazer em amamentar meu bebê

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O objetivo desse texto é compartilhar minha experiência, pois vejo muitas mães que amamentam, na mesma situação que eu estava, e praticamente nenhum conteúdo sobre isso.

Muito se fala da introdução à amamentação e o desmame, mas nada no meio para aquelas que estejam pensando em desmamar mais cedo devido ao desgaste mental e físico causado em algumas pela amamentação em livre demanda por bebês mais velhos.

Durante a gestação me preparei para a amamentação fazendo curso, vendo vídeos e seguindo consultoras no Instagram. Quando a Linda nasceu tivemos nossa hora dourada com contato pele a pele; eu imediatamente ofereci o peito e ela aceitou depois de uns 30 minutos (“Nem nasci direito e minha mãe já quer enfiar o peito na minha boca!”).

Tive uma introdução a amamentação excelente e as coisas fluíram perfeitamente. Mesmo com o trabalho que é amamentar um recém-nascido, amei aquela mágica de estar amamentando o meu bebê: o contato, o carinho, o olhar, que delícia!

Até que…

Quando minha bebê estava com 10 meses comecei a ficar cansada em relação à amamentação, pois minha bebê queria o peito de 15 em 15 minutos. Ficava às vezes por uns 30 segundos (eu cronômetro as mamadas) e o plano de amamentar por 3 anos e tentar um desmame natural igual minha mãe fez comigo, foi se diluindo.

Tentei identificar o problema, pois já tinha lido que nem sempre que o bebê vem ao peito é fome. O peito serve como segurança, proteção, controle emocional, entre outros, porém não consegui achar o que estava acontecendo.

Nós ficamos juntas o dia inteiro com muito colo, algumas vezes me sento no chão para brincar, ler e nos divertimos. Eu nem estava tendo mais prazer em passar esse tempo com ela, pois era só eu me sentar para brincar que ela pedia o Tetê, o que começou a me deixar exausta e um pouco irritada.

Estava ficando tão desesperada para sair daquela situação que eu só pensava em desmame, pois nas minhas pesquisas pela internet não achava nada que me ajudasse. Comecei a pesquisar sobre o assunto e tive contato com o livro “Desmame Gradual: Como dar um final feliz a sua história de amamentação” da Bianca Balassiano.

Pensei: é isso que eu quero, pois se vou terminar antes da minha meta inicial, quero encerrar esse ciclo de forma gentil.

O livro deixa claro que o ideal é começar o desmame após 1 ano e meio, pois com essa idade a criança já entende melhor o que vai acontecer e pode até participar do processo, jogando um pouco de água fria e me deixando mais insegura sobre o desmame antes desse tempo. Mas segui lendo-o.

No livro aprendi sobre espaçar as mamadas. Achei uma boa ideia, afinal era o que eu queria: espaçar as mamadas. Decidi colocar isso em prática, porém eu não estava certa do que queria. Afinal, será que estou fazendo certo? Não estou sendo egoísta em não respeitar o tempo que meu bebê quer mamar? Ela vai entender esse processo? Será que isso vai trazer algum trauma para ela?

Pensamentos como esse que muitas vezes ronda nossa cabeça durante alguns momentos da maternidade.

Era doloroso dizer não para ela, e para completar, dias depois, vendo alguns perfis no Instagram, achei que eu fosse a errada em não ter paciência, amor e compreensão. Senti-me culpada por causar tamanho sofrimento a ela (vocês já viram um bebê chorar quando quer algo, né? Então sabem como é!) e acabei por voltar atrás em espaçar as mamadas.

O que me deixou mais chateada, pois queria me encaixar num padrão que não me cabia e que estava me fazendo mal física e mentalmente.

Continuei lendo o livro e fazendo pesquisa na internet. Numa determinada altura eu nem iria mais espaçar as mamadas, eu queria mesmo era o desmame, pois a exaustão estava demais. Teve um dia em que cheguei a fazer um óleo que vi no Youtube para passar no mamilo e que prometia desmamar o bebê em 3 dias, tamanho era meu desespero, porém não tive coragem de usar.

Foi nesse dia que a ficha caiu de uma vez por todas: não iria amamentar por 3 anos, eu tinha que estar bem para ela estar bem também, e eu queria fazer um desmame gentil.

Estabeleci uma meta, que até dezembro, quando ela completa 18 meses, iríamos completar o desmame e fechar o ciclo da amamentação. Planejei começar um dia após o aniversário de 1 ano, que foi dia 12/07, e assim fiz.

Comecei a espaçar as mamadas, dando o peito quando ela acordava pela manhã, ao dormir e acordar das sonecas, e no início do sono noturno. Os primeiros dias foram difíceis, ela sempre pedia, reclamava e algumas vezes chorava, e por mais que me doesse na alma, estava determinada a cumprir meu papel de mãe, que também é de impor limites.

Já tinha impresso imagens de um bebê dormindo, outra de despertar, e outra de uma mãe amamentando, e todas as vezes que ela pedia o peito eu ia lá e mostrava para ela que mamar só quando fosse dormir e acordar e já a levava para fazer alguma coisa como brincar, ler, mostrar o jardim, etc. Com 15 dias de sucesso do espaçamento das mamadas, decidi dar um passo a mais e tirá-las do acordar das sonecas. Isso funcionou perfeitamente, pois normalmente nem lembra mais de pedir o peito ao acordar das sonecas.

Bem, quase 1 mês depois, eu redescobri o prazer de amamentar, relaxar e apreciar minha pequena tomando o leitinho no Tetê. Aquela mágica e amor do início da amamentação voltou! Foi até estranho ter esse sentimento de volta, de poder brincar, vê-la sorrir mamando sem eu ficar estressada por amamentar. Tinham sido 2 meses muito intensos e exaustivos.

Com o espaçamento das mamadas ela se interessou mais pela alimentação. Nesse período só recusou uma refeição e para não assimilar que toda vez que não comer tem o peito, eu não dei, e depois ela aceitou comer.

Antes ela não aceitava o lanche da manhã e nem o da tarde, agora sempre já faz o sinal de comer ou começa a demonstrar que está com fome, antes mesmo de eu oferecer.

Teve um dia que saímos de casa e ela pediu o peito e dei; outro dia eu vi que ela não estava bem pelo nascimento de mais dentinhos e dei também. Porém, não é sempre que cedo aos pedidos, que com o passar dos dias estão diminuindo, são exceções, e tudo bem, pois agora estou feliz novamente em amamentar.

O que percebi com isso, é que eu não queria o desmame, e sim organizar as mamadas para voltar a ter o sentimento de paz interior em relação à amamentação.

Por: Márcia Pains Colli – @marcita16
Revisão: Luiza – @lougandini.

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