Tornar-se mãe

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“Parabéns, você é mãe!”

“Parabéns” foi a palavra que mais ouvi de cada profissional somada ao que parecia mil informações por minuto em cada consulta – no decorrer dos dias isso vai parecendo menos informação por minuto -.

O que me surpreendeu foi a dificuldade de cada um deles em imaginar uma mulher que não esteja completamente radiante, feliz e realizada por descobrir que “é mãe”.

Por que eu, com uma carreira acadêmica e profissional idealizadas, com pretensão de filhos após mestrado, minimamente, deveria sentir-me, imediatamente, mãe e feliz com uma gravidez que não estava planejada para esse exato momento?

“Mas a culpa é sua” “Como assim você não está feliz? Que ser humano horrível!”

Nesse processo que acredito ser constante, de tornar-se mãe e mulher em um mundo que demanda tanto, ao mesmo tempo em que demoniza as mulheres com: “deve ser assim, sentir-se assim e seguir esse roteiro” o que mais me assusta é a dificuldade de enxergar o outro como ser humano.

Em visualizar a fragilidade, insegurança e medos em um mundo que deixa sujeitos à margem do mínimo de dignidade.

O não me sentir feliz de imediato e estar em construção com o que muitos esperam da maternidade é resultante de condições inesperadas, especialmente sociais. Ninguém é mãe, imediatamente, mesmo planejando. Torna-se mãe.

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