Mulheres-mães protagonistas da própria história

Sou mãe adotante

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Tenho uma filha de quinze e outra de três anos. Cotidianamente me questionam se a mais velha, adotada aos oito, sente ciúmes por eu ter gerado a de três.

Algumas perdas eu jamais conseguirei apagar da história de vida da minha filha maior. Ela conviverá e aprenderá a aceitar. Às vezes, já fui comparada por ela que espontaneamente me elogia dizendo que eu fui a melhor mãe que ela já teve. Este elogio só fortalece a nossa relação que será de eterna construção, nunca serei a única e desta forma trabalho o egocentrismo materno.

Hoje, ambas competem espaços sim, aquela cena cotidiana se repete todos dias em casa, irmã mais velha que adora irritar a menor pegando seus brinquedos ou mudando o canal da TV.

Elas já percebem que estamos construindo um lar onde surgem desavenças, papo franco, divisão de tarefas, economia de guerra no fim do mês. A adoção apareceu em minha vida como uma opção de ser mãe e não porque eu não poderia gerar filhos. Apesar de todas as dificuldades culturais, sociais e jurídicas é um grande aprendizado de resiliência, não me vejo ajudando, mas sendo ajudada.

Aos trinta e oito anos encarei a maternidade como um grande presente, eu estava lá na última chance de gerar e veio sem precisar de cadastro, entrevistas e uma espera sem prazo determinado.

Por outro lado, esta fase nos breca, nos ensina a cuidar da saúde, beber menos café, controlar o stress, evitar o vinho do fim de semana, preservar o sono, e trabalhar com mais leveza.

Leio textos sobre formas de parto, estilos diferentes de escolas, alimentações adequadas, privar ou não a cria da internet e TV. E novamente me vem o grande aprendizado que tenho com a primogênita, que se quer tem uma foto da sua infância, mas acompanha a escola, aprende conosco o sentido do amor e respeito ao próximo e demonstra uma forte personalidade. Essa realidade me mostra que não existe algo ideal, mas a certeza que estamos neste mundo para vivenciarmos o processo do sentir e aprender.

Nossa casa infelizmente não tem a figura paterna e convivemos com esta lacuna, mas olhamos para a realidade. Este ano nossa mais velha se formou no fundamental, convidou seu avô para dançar a valsa, me senti orgulhosa e plena.

A pequenina foi ao encontro de família com a turminha da escolinha, não faltaram papais para segurá-lá na piscina. Nestes momentos eu sinto que anjos existem e que vale a pena lutar pelos nossos sonhos.

Autora: Nahara Ribeiro, Psicóloga Clinica, mãe da Bia de 15 anos e da Anita de 3.

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