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A escola, primeiro lugar de convivência e desenvolvimento depois da família, é um dos lugares onde a criança mais sofre preconceito, inclusive de cor.
O caso da adolescente Fatou Ndiaye, estudante de um colégio da zona sul do Rio de Janeiro, que ganhou grande proporção nas mídias sociais, traz à tona uma importante discussão: como trabalhar o racismo dentro das escolas?
É muito comum crianças, adolescentes e professores negros relatarem que tenham sofrido algum tipo de insulto relacionado as suas características físicas (cor da pele, traços e textura de cabelo), ou ainda de serem excluídos de brincadeiras e eventos escolares, desprovidos de amizade ou isolados socialmente.
Esses ataques crescem ainda mais quando a criança ou o professor negro se destaca positivamente e apresenta um melhor desempenho que os demais. Como se o direito de ser inteligente ou bem sucedido fosse privilégio de uma minoria mestiça, que insiste em dizer-se branca.
Tal desgaste pode ser evitado, principalmente, por meio da ação dos pais. Porém, ações pedagógicas das escolas e professores, que estão comprometidos em não alimentar o preconceito e as atitudes racistas, e a pôr em prática a lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana, em todas as escolas públicas e particulares do ensino fundamental até o médio, ajudam muito.
Os professores precisam levar a cultura africana e a discussão sobre o racismo para dentro da sala de aula. As pessoas precisam deixar de enxergar a cultura africana como algo atrasado, ruim ou primitivo, e ver a contribuição dela para a construção da humanidade.
Discutir as questões da diversidade se faz urgente hoje, na escola. É importante alinhar com os alunos o que a escola pensa e qual o papel das crianças como construtora do processo de desconstrução do racismo.
Por uma pedagogia antirracista
A escola e sua equipe precisam estar melhores preparados. Uma excelente sugestão para os professores é o material A cor da cultura, que contempla livros animados, entrevistas, artigos, notícias e documentários e se encontra disponível em http://www.acordacultura.org.br, e a coleção História geral da África, organizada pela UNESCO, disponível em http://www.dominiopublico.gov.br, para trabalhar a diversidade, a inclusão, estimulando a convivência de crianças de diferentes etnias, valorizando o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnica, realizando atividades relacionadas a temática, através de:
Livros
- A África de Dona Biá – Fábio G. Ferreira / ed.Cedic
- Aguemon- Carolina Cunha/ ed. Martins Fontes
- Amoras – Emicida/ ed.companhia das letrinhas
- Ana e Ana – Célia Cristina/ ed.DCL
- As tranças de Bintou- Sylylane/cosacnaify
- Bia na África- Ricardo Dreguer/ ed.Moderna
- Dandara e vovó Cenira: a descoberta de si e da ancestralidade- Lívia Marques/ed. Sinopsys
- Heroínas negras brasileiras- Jarid Arraes
- Histórias da África- Gcina Mholophe/ ed. Paulinas
- Madiba, o menino africano – Rogério Andrade Barbosa/ ed.Cortez
- Meu tataravô era africano- Georgian Martins / ed. DCL
- Meu mundinho enroladinho- Pamela Waldino/ kah-kanoa
- Meus contos africanos – Nelson Mandela/ed. Martins Fontes
- Meu crespo é de uma rainha- Bell Hooks/ ed.boitata
- Menina bonita do laço de fita – Ana Maria Machado/ ed. Ática
- Minha mãe é negra sim- Patrícia Santana
- O menino Nito- Sonia Roca
- Os gêmeos do tambor- Rogério Andrade Barbosa/ed.DCL
- Obax- André Neves/ ed.Brinque-book
- Siara: a descoberta da África Gráfica – Edna Ande e Sueli Lemos/ed. edebê
- Zumbi, o menino que nasceu livre – Janaína Amado /ed. Formato
Livros animados
- A cor da cultura
Desenhos animados e filmes
- Dra. Brinquedos
- S.O.S Fada Manu
- Milly e Molly
- Nino e Fino
- Garota supersábia
- Guilhermina e calendário
- Nana e Nilo
- A princesa e o sapo
- Nossa casa: as aventuras de TIp e Oh
- A gente se vê ontem
- Raio negro
Brincadeiras
- Mamba
- Kameshi ne mpuku
- Ambutan
- Ryembalay
- Ntsa e wotswang le lesapo
- Mwindaji na swala
- Ndule ndule
- Matacuzana
- Katidy katidy
- caxangá
Músicas e instrumentos musicais
- Jongo
- Samba
- Funk
- Adufe
- Agogô
- Atabaque
- Ganzá
- Tamborim
- Berimbau
- Caxixi
Culinária
- Africana
- Afrobrasileira
Arte com tecidos
- Técnicas de tecelagem
- Técnicas de enrolar os tecidos
- Tipos de tecidos: Kubá, Bogolan, adinkra,batik, kenté
- Oficina de turbante
- Ndebeles
Vocabulário
- Memória das palavras
- Origem das palavras
- Repensar a linguagem racista
Materiais diversos
- Giz de cera
- Lápis de cor
- Papel color set
Como a escola deve agir em caso de racismo?
Se, mesmo trabalhando o antirracismo, surgirem casos de preconceito na escola, a instituição deve chamar as famílias dos alunos envolvidos para conversar e apresentar ações para melhorar o convívio entre eles.
É importante preservar a integridade física e moral de quem sofreu os ataques e não invalidar a sua dor. Já quem fez os ataques precisa ser orientado a procurar uma ajuda profissional e, caso se recuse, o acontecimento deve ser levado aos órgãos competentes, pois racismo é crime e precisa ser tratado como tal.
Precisamos cuidar dessa situação desde a sua raiz, pois ela está crescendo e está gritante. É ainda mais sério quando somos surpreendidos com vários casos de impunidade, onde tentam nos exterminar, vendendo a nossa carne nesse mercado sujo e de fome, por míseros vinte mil reais.
É necessária uma educação antirracista que reconheça as desigualdades, valorize as diversidades e diferenças, e rompa com os preconceitos. Precisamos exercer uma pedagogia antirracista. Sim, estão tentando, mas não vão nos calar, porque vidas negras importam!