Mulheres-mães protagonistas da própria história

POESIA | Pré-luto

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Chega! Chega!
Mas não termina, por favor.

Existe um sentimento,
Embora não consiga nomeá-lo,
Posso garantir que existe,
E muito bem conceituá-lo.

Há 17 anos esse sentimento
Aparece constantemente na minha vida,
Angústia que aperta o peito,
Tristeza por presenciar tamanhas lutas
E o medo agarrado a tudo isso.

Minhas crenças me ajudam,
Mas não me libertam dessas emoções.

Por inúmeras e incontáveis vezes,
Senti a despedida bater a porta.
Mas por inúmeras e incontáveis vezes,
A esperança concedia a visita.

Parece uma angústia permanente.

O Pré luto pode ser muito estranho e assustador.

E o medo, que não se desgruda,
Medo desse sentimento ir embora.
Medo de estar chegando a hora,
Cada ligação que toca,
Vozes que amo, trêmulas em sofrimento.

Medo, medo, medo.

Por mais incômodo que esse sentimento seja,
Ainda não estou pronta para deixá-lo partir,
Simplesmente porque não estou pronta
Para a fase que vem a seguir

Se 17 anos não foram suficientes
Para me preparar,
Tenho certeza
Que tempo nenhum será.

Queria poder não sentir mais isso,
Desejo um outro final,
Milagroso seria o ideal.

Mas como aqui estamos na vida real,
Sigo com minhas batidas de coração alteradas,
Respiração apertada e mente cansada.
Pedindo força para seguir com esse turbilhão de emoções.

E segue-se ainda as fases dos cancelamentos,
Ou ao menos, dos questionamentos.

Cancela casamento? Cancela festa? Cancela Viagem?
Opta-se por seguir o planejado,
Mas não se sabe ao certo onde está,
Aqui ou lá.

Às vezes se esconde a gravidade para os que foram,
Para não ficarem de longe ainda mais preocupados,
Ou até mesmo buscando um retorno antecipado.

Que canseira, que canseira.
Este cansaço é muito silencioso, vem no calar da noite,
Onde ainda que haja tamanha exaustão, o sono demora a chegar,
Pois a mente não consegue se livrar desse emaranhado de emoções.

E no final dessa odisseia, ainda aparece a gratidão,
Pois me levou para o altar, carregou minhas filhas no colo,
Acompanhou-me nesses anos, ainda que de cadeira de rodas,
Andador ou com dor, sempre esteve presente.

Por: Daniela Giardino – @giardino.daniela
Revisão: Gisele Sertão – @afagodemaeoficial

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