Mulheres-mães protagonistas da própria história

Meu filho não nasceu!

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A maternidade significa uma mudança fundamental na vida de uma mulher. Traz consigo insegurança, medo, ansiedade, seja esse o primeiro ou o quinto filho. 

Pensa-se que toda mulher deveria estar assegurada em todo processo que envolve a gestação, principalmente no momento da morte de um filho. Precisando ter a certeza que, não importando o processo pelo qual vai passar, ou no local onde estará, terá suporte físico e psicológico a receber.

O nascimento de um bebê envolve um processo que começa antes do parto, iniciam os desejos e floresce na vida de um casal o desejo de fazer crescer uma família dentro do seu lar, cria-se a expectativa e o desejo da maternidade, formula-se em seus pensamentos sobre o sexo do seu filho, nome, fisionomia e outras tantas características, aceita-se as modificações fisiológicas do corpo, a fadiga, os contrapontos de uma vida sexual. Tudo isso é aceitável, quando no final do percurso o filho tão desejado vem para casa nos braços. E quando isso não ocorre? Meu filho não nasceu!

A morte gestacional parece habitual para muitos; acreditam que com o passar dos dias, acertar as questões fisiológicas do corpo da mulher, secar as lágrimas, voltar a rotina de trabalho e após, apenas, tentar uma nova gestação. Afinal, ainda não se tinha criado vínculo com o mundo exterior, é só esperar que tudo passe e que se faça um novo filho. 

Como não foi um ser nascido, não veio ao mundo, não foi batizado, não precisou de parto, nem nomeado foi, então, entende-se que ninguém ficou abalado com a situação, que esses pais não precisam de nenhum tipo de atendimento psicológico, dando a todos uma falsa impressão de bem-estar e tranquilidade frente a morte, se não falarmos, também não sentiremos.

Reconhecer o papel que esse filho adquiriu dentro dessa família, mesmo antes de nascer, é fundamental para associar as mudanças drásticas no comportamento humano de todos os envolvidos, e minimizar transtornos psíquicos que podem se tornar perturbadores.


Autora: Daniessa Rodrigues, psicóloga (CRP 07/35560), formada pela Universidade Feevale, pós graduanda em psicologia puerperal pelas Faculdades Dom Alberto- Santa Cruz do Sul. Instagram: @daniessarodrigues_psicologa.

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