Mulheres-mães protagonistas da própria história

Meu irmão é um adolescente… E eu também!

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Adolescer é algo tão complicado que lembra adoecer. Mas também rima com florescer, ainda bem! E é mesmo, um paradoxo, tudo ao mesmo tempo, um período de altos e baixos com o qual não sabemos lidar direito. 

Nem os próprios adolescentes, muito menos seus pais. Eu sou a sortuda mãe de um menino de 17 anos e uma menina de 12 anos, então você pode imaginar o furacão que está passando pela minha casa há uns cinco anos já. 

Agora imagine entrar na adolescência, ou estar saindo dela, enquanto um vírus mortal assola o mundo, o país em que você vive está completamente desgovernado, e você é obrigado a ficar praticamente dois anos trancado em casa, sem nenhum contato humano além do seu círculo familiar direto. 

Você não pode ir à escola, você não pode sair com seus amigos, você não pode viver esse momento de tantas confusões, erros e acertos, como qualquer um de nós viveu, com liberdade para descobrir quem você é. É aí que entram os irmãos. 

Mais do que nunca, aquela criatura que veio ao mundo para nos ensinar que não, não é tudo nosso, com quem nós temos que aprender a dividir e conviver, se tornará nosso único parceiro na caminhada. Com uma pré-adolescente e um pré-adulto em casa, as brigas são constantes. 

Aquela bebezinha linda e aquele menininho doce e protetor não existem mais, o que existe são dois seres em absoluta transformação, com os hormônios em ebulição, em uma eterna disputa para saber quem é o mais amado, quem pode mais, quem é o mais “adulto”. E sim, entre irmãos saudáveis, isso é amor, acabamos por descobrir. 

Por mais que eles briguem, discutam, se irritem, eles estão sempre lado a lado, como ímãs. Quando um está quieto, o outro vai perturbar, e vice-versa. Com a pandemia, houve momentos em que os dois não se suportavam, mas houve muito mais momentos em que se esqueciam da diferença de idade, de que já não eram mais crianças, e se uniam nas maiores maluquices, brincavam, me irritavam – o passatempo preferido – e riam, riam, como se nada mais importasse, e voltavam a ser aquelas crianças adoráveis. Então, mais do que tudo, essa crise que vivemos mostrou que trilhamos o caminho certo, e que é lindo ver dois irmãos crescendo juntos, apesar das diferenças. Eles se amam, se odeiam, se provocam, brincam juntos. 

Aqueles bebezinhos ficarão para sempre na minha memória, como uma lembrança de que sim, eles são meus filhos, saíram de dentro de mim, mas agora, eles não são mais meus, são do mundo. 

Mesmo em meio ao caos, me vem uma tranquilidade de saber, de ter certeza, que eles sempre terão um ao outro, mesmo quando eu e o pai não estivermos mais aqui, pois nesses momentos tão difíceis, de incertezas, de não saber o que aconteceria com o mundo e com as nossas vidas, eles souberam superar as dificuldades e se amar, se apoiar, ser escudo e âncora um do outro. E isso é o que mais importa quando se cria irmãos.


Autora: Sabrina Gottschlisch. Instagram: @sabrina_gottschlisch.

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