“Mãezinha, seu filho se encaixa nas características do Transtorno do Espectro Autista, mas vai ficar tudo bem…”
Enquanto eu ouvia isso, uma voz lá no fundo ecoava “Vai ficar tudo bem…. Vai ficar tudo bem…” A única frase que não se encaixava ali; vai ficar tudo bem? Meu filho é autista, e agora? Tem cura? Piora? Ele vai falar?
Quando o CEI solicitou que o levasse a um especialista, mesmo sem crer o levei. Sou mãe, e mãe pode até ter dificuldade em aceitar, mas faz o que for preciso pelo seu filho. O Neurologista insistiu que iniciássemos as sessões e mesmo sem diagnóstico, seguimos por meses com terapias, vídeos das crises e dos stims, e, assim, não demorou até chegarmos ao diálogo do “vai ficar tudo bem…”.
O diagnóstico engoliu meu chão, meus pulmões não aceitavam o ar, eu não tinha controle sobre a tremedeira do meu corpo, e então veio o turbilhão: “Por que comigo? Por que meu filho? Por quê?” Mãe, luto é inevitável.
Eu via os filhos da vizinha gritando “mãe, mãe, quero sorvete!”, enquanto andavam de bicicleta e falavam sobre o dia na escola. E aí? Como não bater aquele sentimento de: “será que vou viver isso?” Ou: “vai demorar a acontecer?” Não julgue, não é inveja! Mas quando estamos grávidas a gente sonha e acha que tudo será um conto de fadas.
Não me entendam mal! Assim como não julgo quando me lançam olhar de espanto ao me ver correndo, pulando e comemorando por meu filho ter colocado os chinelos sozinhos, ter conseguido encher seu copo da água, ter aprendido uma palavra simples como “suco”. Eu choro, grito, comemoro e filmo. Enquanto para vocês é algo normal, para nós, é “A” vitória.
Mãe, luto é inevitável mas não é eterno.
E de certa forma, a vida vai mostrando que certos porquês nem precisam de resposta.
A história do meu filho só está começando e não deixarei ninguém dizer como ela vai terminar! A vida é uma fase e o diagnóstico de autismo só foi uma. Sei que tem muitas mais por vir, e, quer saber? Aquela vozinha lá no fundo sempre ecoa e eu confio: vai ficar tudo bem!
Mãe atípica desbravando um novo mundo de possibilidades através dos olhos da minha inspiração e motivação, meu filho.
Autora: Suany Krombauer. Insta: @meufilhoautistaeagora. @suanyKrombauer.
Este texto foi revisado por Luiza Gandini.
