Mulheres-mães protagonistas da própria história

Meu desejo como mãe

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Neste momento, para começar a escrever, tive que pedir ao meu irmãozinho pra ficar com a Serena, minha bebê de nove meses, e também parar de arrumar casa e outros afazeres porque meu coração grita para esse desabafo.

Sou mãe solo e tenho TPB (transtorno de personalidade borderline). Estou, nesse momento, à base de calmante para conseguir escrever sem ódio ou rancor, que é o que me ronda dia e note. Protejo minha filha das minhas oscilações de humor e da frustração de ter um pai afetivamente ausente na vida dela.

Não tenho rede de apoio (e como isso me frustra!). É como se eu estivesse jogada às margens, somente com ela e meu transtorno. Acompanhar blogueiras não está sendo saudável, pois, por mais que também sejam mães solo como eu, a vida financeira e rede de apoio delas são fora da minha realidade e isso me frustra ainda mais.

Vivo em uma situação precária com a minha bebê e me pergunto todos os dias que impacto isso trará ao seu desenvolvimento, e aí está mais uma preocupação que me dói do pescoço à cabeça. Como trabalhar morando a quilômetros de distância da cidade, sem muitas perspectivas e, assim, sem nenhuma fonte de renda para me auxiliar com o meu crescimento?!

As pessoas dizem “você só reclama”, “sempre está pra baixo”, e isso me gera um sentimento de frustração e medo de ser aquela que quer que todos tenham pena, o que jamais foi a minha intenção.

Mainha teve a mesma história, e eu sou a nova personagem, só que consciente da desigualdade. Diante disso, correrei, gritarei e lutarei por justiça até a minha voz se esvair por me faltar forças para continuar bradando por aquilo que acredito.

Se pudesse, eu abraçaria todas as mulheres que sofrem violência, tanto em casa como pelas redes de apoio, que revitimizam a mulher através da violência institucional. Não pela fortaleza que nós somos, mas pela determinação que nós temos. Determinação essa que me faz continuar seguindo, muitas vezes até sem nenhum vontade, para que a pequena Serena cresça em um mundo onde as oportunidades não façam distinção entre gêneros.


Autora: Mel. Instagram: @bruxinhamae.

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