Mulheres-mães protagonistas da própria história

Maternidade do palpite

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Hora da soneca de novo? Você vive pra fazer esse bebê dormir, tem que deixar acordado o dia todo pra cansar e dormir a noite inteira – disse aquela que nunca se ofereceu para passar uma madrugada ninando um bebê exausto que desperta no mínimo 8x quando não tira as sonecas corretamente.

Tem que acostumar essa criança a dormir no barulho, no claro, na rua, onde estiver – disse aquele que não consegue dormir se tem o mínimo barulho de um pernilongo no quarto.

Tem que deixar o bebê comer senão vai passar vontade – disse aquela que nunca acudiu quando o bebê não consegue fazer cocô de tanto carboidrato que ingeriu sem necessidade.

Tem que deixar chorar no berço pra entender que é hora de dormir – disse aquela que se tem um problema para resolver já não consegue pregar os olhos à noite.

Tem que desmamar essa criança, já tá grande, vai ficar mimada – disse a pessoa que ainda leva e busca o filho de 30 anos que sequer paga as próprias contas.

Educação respeitosa? No meu tempo o respeito era o cinto – disse aquele que até hoje não sabe lidar com os próprios sentimentos e afasta todo mundo que o ama devido à infância violenta que passou.

Na maternidade do palpite é assim que funciona “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Todo mundo tem uma receita de bolo para simplificar a vida da mãe na teoria, mas na prática quem tem que quebrar os ovos é ela. E não pode retrucar, caso contrário corre o risco de ouvir um ‘quem mandou ter filho’ sem ao menos ter pedido opinião sobre seu “maternar”.

No imaginário das pessoas a mãe, principalmente de primeira viagem, é um depósito de conselho e só não tem a vida perfeita porque não quer seguir tudo que lhe dizem. Intitulam-na de fresca, chata, mal educada. Aproveitam dos momentos de cansaço e fragilidade mental para dizer coisas que não aplicam em suas próprias vidas. 

Então, mãe que me lê neste momento, siga o que dá certo para você e para seu filho, porque lá na frente quando todo perrengue da primeira infância passar e ficar tudo bem, ninguém vai te dar parabéns. No fundo muitas vezes as intervenções externas não passam de intromissões disfarçadas de preocupação.


Texto: Jéssica Benitez. Instagram: @eeunaoqueriasermae.


Revisado por Daiane Martins.

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