Com base no texto anterior, onde discutimos sobre os conceitos de narcisismo, podemos agora nos aprofundar no Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN). É este que devemos nos atentar quando falamos sobre as Mães Narcisistas.
Como já vimos, existem paradigmas enraizados entorno da saúde mental que nos dificultam os cuidados necessários. Por exemplo, imaginemos que uma pessoa comece a ter sintomas como enjoo, queimação, azia e desconforto após as refeições. Logo pensamos que estes indicam algum problema estomacal e assim tomamos providências, certo?
Mudamos hábitos alimentares, repensamos nossos horários e modo de vida. Se os sintomas persistem, buscamos ajuda médica e fazemos o tratamento prescrito, ou seja, percebemos os sinais de algo que não vai bem, buscamos profissionais para sermos diagnosticados e assim cuidamos de uma condição de saúde. Seja ela aguda ou crônica, tratamos, pois sentimos os incômodos da doença. Fácil de imaginar essa situação, não é? Porém, quando falamos de saúde mental, o trajeto não é tão simples e prático assim.
Primeiro, quando falamos de Transtornos de Personalidade, estamos falando de pessoas que têm uma condição mental crônica, que influencia diretamente em suas relações. Afeta na maneira como elas pensam, vivem e se comportam, com elas e com o mundo. Muito diferente de um problema estomacal, como usamos de exemplo, a doença mental não prejudica apenas o indivíduo, afeta um meio social.
As pessoas com o transtorno em questão, têm necessidade excessiva de admiração, de serem incondicionalmente admirados e falta de empatia pelas questões alheias. Tendem a desvalorizar outras pessoas para que possam manter uma sensação de superioridade, muito por conta das dificuldades em regular a autoestima.
Superestimam suas habilidades e exageram suas realizações. Além disso, exploram os outros para alcançar objetivos próprios. Arrogantes, são sensíveis e se chateiam com as críticas dos outros, o que faz com que se sintam humilhados e derrotados. Com isso, podem responder com raiva, desprezo, ou contra-atacar violentamente.
Percebem como todos esses sintomas afetam o outro? Por conta disso, quando falamos de transtornos de personalidade, estamos falando de um sistema e não de um indivíduo, o que traz ainda mais desafios nos cuidados necessários.
Uma pessoa com TPN não vai sentir o incômodo pela sua condição, mas sofrerá com as consequências desta, como o não reconhecimento de seu valor (como imagina). Essa é a maneira dela existir no mundo, é como sabe conviver, é como sabe se reconhecer como indivíduo.
Quem vai sentir os incômodos são os que convivem, principalmente o núcleo familiar. São estes que vão sofrer os maiores impactos e que terão a difícil tarefa de lidar com algumas tomadas de providências essenciais no cuidado.
Os narcisistas não passam desapercebidos em nossas vidas, é visível quando nos deparamos com alguém que tem o transtorno, pois nos afetam mesmo quando a relação não é íntima. Assim, podemos imaginar as intensas dificuldades de conviver com um e ser afetado diretamente, intensamente e constantemente.
No próximo texto falaremos especificamente das Mães Narcisistas, ganhando cada vez mais bagagem para aprendermos e assim construirmos maneiras de cuidados. Até lá!