Mãe é mãe né “queris?!” Mas, nesta edição em especial, peço licença para falar delas, das guerreiras, as “Mães de UTI”.
À elas, toda a minha solidariedade e empatia. Mulheres-mães que experimentam a dor e a esperança, que se comunicam entre olhares, sorrisos e lágrimas em meio ao silêncio ensurdecedor de uma UTI.
E são muitas essas mulheres que não pegam os seus filhos no colo ao nascer ou que são surpreendidas por um diagnóstico difícil, que engolem o choro e enfrentam a dor e uma rotina dolorosa no hospital.
Mulheres que se mantém de pé mesmo quando não há mais chão, que encaram a luta que terão pela frente, seja qual for, do tamanho que for… elas não têm saída.
Mulheres que oram, que choram escondido pelos corredores, que se apoiam na fé e na esperança, aliás, esperança é tudo que se tem dentro de uma UTI. Dias bons e dias ruins, notícias boas e outras péssimas, e cada progresso é uma vitória.
Quando uma mãe tem a ciência de que seu filho ficará internado, ela para de respirar. Acontece assim, foi como me senti há exatos cinco anos, literalmente fiquei sem respirar, entrei no modo “stand-by”, meu coração parou de bater por 63 dias.
Entendi o que é ser uma mãe de UTI, o quanto somos impotentes, que não temos o controle de tudo e o quanto o amor pode curar. Confiamos muito na medicina e, infinitamente no poder de Deus, tentando entender o seu propósito com tamanho sofrimento.
O tempo tem outro sentido e há tempo para se culpar, para estudar (sim, pesquisamos tudo no Dr.Google) e para esperar. Novas amizades surgem, velhos amigos se afastam e a gente passa a compreender tanta coisa… Cada olhar, cada gesto, cada palavra consoladora que ouvimos de outras mães na mesma situação, nos confortam e nos dão força para continuar.
E tem também aqueles, os chamados cuidados paliativos que recebemos durante o internamento dos nossos pequenos, como são imprescindíveis para o sucesso do tratamento e cura! A alegria do palhaço que faz graça e faz sorrir, um brinquedo ou livro da brinquedoteca, salvam o dia!
É bem verdade que há muitos dias de angústia, apreensão, dúvidas e lágrimas, mas, também há dias felizes em meio a dor. Mães de UTI tem a oportunidade de conhecer mais que profissionais da saúde, pessoas incríveis, de corações enormes, realmente preocupadas em nos devolver o nosso maior tesouro são e salvo. Ah, esses “anjos de branco”! Quanta gratidão!
No entanto, existem as mães de UTI que, mesmo guerreiras e confiantes, vão pra casa sem seus filhos e que tem de encarar o luto. Não consigo imaginar a dor de perder um filho, de ter que se dar essa notícia triste todos os dias, ao acordar.
Força para estas mães! Que neste dia das mães, todas elas sejam lembradas e sintam-se abraçadas!
O dia das mães é um dia de alegria e felicidade, mas também de gratidão e reflexão. Que possamos comemorar com responsabilidade nestes tempos difíceis, e juntos se possível. Afinal de contas, o que as mães esperam de verdade, é ter seus filhos por perto, é isso que nos revigora, que deixa o nosso coração quentinho!
Sabe uma lição que aprendi sendo mãe de UTI? Que todo dia a gente tem a chance de ser uma pessoa melhor, de amar mais e mais… e que não importa o lugar ou a situação, o mais importante é estar junto (fala aqui, uma mãe que passou o dia das mães mais feliz da vida, dentro de um quarto de UTI), acredite!
A vida é um sopro, por isso abrace sua mãe, declare seu amor, se faça presente. Nossa, como foi difícil escrever este texto! Agradeço emocionada, a todas as mães que como eu, nunca perdem a esperança, mães que se dão as mãos e rezam umas pelos filhos e filhas das outras.
Chico Xavier, a quem dispensa apresentações, já dizia, “Mães, tem uma fé absurda, a força de suas orações, arrebenta as portas do céu. O coração de mãe é couraça, nunca sucumbe. Mãe é esperança sem fim, nunca sucumbe”.
Parabéns e um super feliz dia a cada uma dessas mulheres fortes que por seus filhos nem o céu é o limite! #somostodasmaessa.
Conheça mais sobre as mães de UTI no site: https://dandovozaocoracao.org/
Autora: Elaine Piovezan – Instagram: @maes_s.a / @elainepiovez
Revisado por Vanessa Menegueci.