Quando falamos de mães narcisistas, estamos falando de uma relação. Obviamente, essas não teriam tal título caso não tivessem filhos. Portanto, se torna imprescindível falarmos sobre os filhos das mães narcisistas.
Como vimos nos dois últimos textos, a mãe narcisista tem comportamentos padrões que dizem respeito ao Transtorno de Personalidade Narcisista. Esses, de difícil convivência, percebemos em sua maneira de lidar e viver a vida e consequentemente, em todas suas relações. Porém, irão se acentuar drasticamente na relação com 1 filho específico. Independentemente do número de filhos, a mãe narcisista terá comportamento enfatizado com 1 destes (bode expiatório), geralmente, mulheres.
O bode expiatório será depósito de toda projeção negativa da mãe narcisista, é neste que esta vai depositar toda a responsabilidade de seus problemas. Sendo assim, a falta da empatia, a agressividade, instabilidade de humor, chantagem e tantos outros sintomas que falamos no texto passado, irão ter carga muito maior neste “escolhido”.
A falta do cuidado e amor materno que tendemos a crer ser algo inato, coloca a criança num lugar de desproteção, vulnerabilidade e sofrimento. Dessa forma, a criança cresce com sensação de não ser suficiente e capaz de ser amada. Se torna comum a crença do não merecimento de qualquer coisa boa em sua vida, já que nunca se sentiu assim com sua mãe, aquela que “deveria” lhe amar mais do que tudo e todos.
Portanto, é fácil imaginar o sofrer deste filho e como as consequências dessa relação perduram, pois não é deixando de ser criança que se perde o vínculo materno e, principalmente, que se deixa para trás tudo o que se viveu. Filhos de mães narcisistas carregaram dificuldades que lhes atrapalham nas conquistas, nas relações, em sua autoimagem, entre tantos outros pilares de sua vida. A baixa autoestima, a culpa, o medo e a grande insegurança lhes fazem sentir como se ainda fossem aquela criança desprotegida, no aguardo do recebimento do amor materno que nunca virá.
Tendo isso e tudo o que falamos até aqui, percebemos a necessidade de uma rede de apoio para os filhos que passam por tal situação. Estes precisam de ajuda psicológica, de compreensão no meio familiar e social para que seja possível o cuidado e a manutenção de sua saúde mental, além de estrutura para o planejamento de estratégias para lidar com sua mãe, seja no afastamento, tratamento, ou no que for preciso na situação específica.
Cada caso é um caso, com todas as suas especificidades e complexidades, porém, o cuidado é necessário e fundamental em todas elas. Quanto mais sabemos sobre o assunto, mais nos damos condição de cuidar e ser cuidado.
Até semana que vem!