Eu tenho filhos e não robôs! E sendo eles crianças, seres humanos dotados de inteligência e sentimentos serão ouvidos por mim sim e respeitados como tal. E eu não estou dizendo que não terão disciplina, que não vou educar ou corrigir. Criança precisa de disciplina para se desenvolver, crescer e conviver em sociedade. Mas adivinha! Ser criança é testar o mundo, descobrir, inventar, imaginar, brincar, ERRAR. Criança não é um robozinho que você pode programar pra ser perfeito e venhamos e convenhamos nem estes o são né, vivem dando defeito. Dito isso vamos ao intuito desse texto.
Em primeiro lugar os filhos são meus e a educação que eles receberão é decisão minha e não diz respeito a mais ninguém.
Em segundo lugar os tempos mudam, as pessoas evoluem, e se eu educar meus filhos com a mesma educação que recebi terei falhado como mãe porque meus pais me criaram para ser melhor do que eles e eu estou criando meus filhos para serem melhores do que eu.
Enfim, eu, MÃE deles, dou-lhes liberdade e autonomia para suas escolhas. Em relação a cabelo, roupas, calçados, livros, brincadeiras, estudos extras, gostos pessoais que só eles mesmos poderiam saber, não imponho a eles os meus gostos exatamente por serem meus.
Meu filho mais velho, Emanuel, hoje com 12 anos, enfrentou o preconceito de muitas pessoas quando decidiu deixar o cabelo crescer, e eu o apoiei. E até hoje ele enfrenta, ouve absurdos, não de outras crianças, mas de adultos e aprendeu a se defender sozinho. Não devia ter q aprender tão cedo mas ele é forte.
Thiago, hoje com quase 10 anos, ama seus cachinhos, já deixou crescer, já raspou tudo, agora tá todo estiloso com seus cachos e todo raspado dos lados. Já ouviu muita coisa também é sempre de adultos.
Valentina, minha caçula, de 6 anos, sempre gostou do cabelo curto, e sempre ouviu que devia deixar crescer porque “menina tem que ter cabelo grande”. E enfrentamos muito mais preconceito quando ela escolheu cortar Chanel e fazer um sidecut do lado esquerdo e logo aprendeu a se defender, coisa que uma criança da idade dela não tinha que se preocupar.
A primeira vez que raspei o cabelo dela, minha menina estava radiante, muito feliz, se mostrando para todo mundo, até viajar para o interior e voltar se achando feia, uma menininha linda como ela chorando ao se olhar no espelho se achando FEIA. Tudo por causa de pessoas cheias de preconceitos que disseram isso a ela, que a magoaram a esse ponto. Uma criança. Com muito amor e conversa mostramos a ela que essas pessoas não são felizes consigo mesmas e não são tão livres quanto ela e por isso dizem essas mentiras, porque sentem inveja dela.
Agora ela escolheu raspar mais, do outro lado e nuca, e ela está feliz e apaixonada pelo novo estilo, se mostrando como antes, fazendo mil penteados diferentes.
Na nossa família ela é respeitada como pessoa, como ser inteligente e que pensa, sente, sabe o que quer. Nós conversamos muito antes de dar permissão, nós mostramos fotos, vídeos, mostramos a maldade das pessoas de mente fechada, mostramos o preconceito, pedimos pra eles pensarem sempre ,damos tempo a eles ,e se mesmo diante de tudo isso eles manterem suas escolhas, nós os apoiamos sim, porque como eu disse, não tratamos nossos filhos como robôs mas como crianças se descobrindo no mundo.
Eles estão felizes e a nós, família deles, isso é tudo que importa. E eles me enchem de orgulho por serem tão fortes ainda tão pequenos. Eu sou a mãe louca, eles dizem, criticam meu jeito de educar, mas eu vou educar meus filhos tratando-os como pessoas, com sentimentos, gostos próprios, autonomia, seres humanos em formação, não como robôs ou como brinquedos, objetos, afinal não sou dona deles, sou a mãe.
Eu os amo tanto que dói. E eu vou defende-los. Sim, se eu pudesse guardava meus filhos em um potinho para que nunca chorassem, e ninguém os magoassem. Eu não posso. Então eu os mostro o quão forte eles são, que eles têm liberdade e direito de serem quem são, que eles têm escolha sempre e que enfrentarão consequências, que o mundo tem um lado feio sim mas tem muito de bonito também, muito a se descobrir, viver, aprender, crescer. Então eu vou cuidar deles, mas vai ser sempre com liberdade e respeito.
—
Autora:
Andreia de Oliveira.
Descrição breve para quem ama as palavras é até difícil. Bem, sou poeta. Mãe, estudante de Pedagogia, vinda do interior de Minas, filha da terra, sangue caipira. Livre e infinita!