ESPECIALISTA | Volta às aulas, e a merenda?

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Na cartilha que ninguém escreveu, mas todo mundo conhece, a responsabilidade pela alimentação da criança é da mãe (ou da pessoa feminina cuidadora). Durante o período de férias escolares, algumas tarefas desaparecem, como montar a lancheira e/ou de ensino. Neste tempo também acontece um relaxamento na rotina alimentar de toda a família.

Acorda o filho, veste, insiste no café da manhã, escova dentes e cabelo, arruma a mochila e abastece a lancheira, tudo isso antes de ir para o trabalho. Com horários esmagados, a lancheira se transforma em um fast food… Assim como em muitas outras refeições, dedicamos pouco tempo para seu preparo e consumo, porque a indústria soube muito bem como oferecer produtos práticos que mimetizam um cardápio saudável.

Sucos prontos, bolinhos, pãezinhos e até leitinhos são comercializados em tamanho ideal para caber nas lancheiras infantis. São bastante recentes as legislações que protegem o público infantil da publicidade em alimentos; e ainda é preciso muitos esforços para mudarmos padrões de consumo estabelecidos nas últimas décadas do século passado. Os produtos industrializados têm status e poder no imaginário popular, criando uma demanda para solução das refeições feitas fora de casa, principalmente na escola. 

O Guia Alimentar para População Brasileira classifica os alimentos em 4 grupos: alimentos in natura e/ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Esta mesma diretriz orienta que nossa alimentação deve ser baseada em alimentos in natura e/ou minimamente processados e, os alimentos ultraprocessados devem ser evitados. 

O que são os alimentos ultraprocessados? Em resumo, são alimentos industrializados, cuja enorme lista de ingredientes contém nomes irreconhecíveis por uma cozinheira experiente! Sabe aqueles nomes químicos, difíceis de pronunciar? Pois bem, estes aditivos alimentares são reconhecidos como os grandes vilões de nossa saúde, portanto, é preciso evitar seu consumo.

Muito bem, mas seria utópico montar uma lancheira sem alimentos ultraprocessados?

Como nutricionista e mãe, confesso que é um sonho difícil de alcançar, sim. Faz parte do processo de desenvolvimento infantil a troca com os amigos, o reconhecimento no grupo, e o conteúdo das lancheiras participa desta coletividade. 

A comensalidade acontece desde quando começamos a introdução alimentar (é muito comum o bebê nos oferecer seu alimento, não é?). Existem algumas políticas públicas que podem começar a ajudar na realização deste sonho: em alguns municípios, as cantinas escolares estão proibidas de vender ou oferecer os alimentos ultraprocessados (tramita no Governo Federal para se tornar uma política nacional). Mas isto não impede que os pais enviem os ultraprocessados! Para atingir esta conscientização, precisamos investir em Educação Alimentar e Nutrição (EAN) para toda a família. 

A merenda, aquele pequeno lanche entre o desjejum e o almoço, ou na parte da tarde, muitas vezes é a primeira refeição do dia do escolar. O Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) cobre toda rede pública de ensino e conta com nutricionistas para elaboração do cardápio; mas mesmo assim, já foi tempo de as crianças preferirem a comida da escola! No cardápio do PNAE, estão excluídos os ultraprocessados: as caixinhas e as embalagens coloridas de sucesso nos pátios. Mais um motivo para investirmos em EAN. 

Nutri, me dá uma solução!

Foi preciso sensibilizar e contextualizar, mas vamos lá de opções práticas para merenda escolar:

  • Para beber: água. Sim, água. 
  • Para comer: frutas (inteiras ou em pedaços), iogurte natural, pão com ovo ou manteiga, ou queijo, bolo caseiro (sem coberturas e recheios), tapioca, cuscuz, milho-verde, ovos cozidos (de codorna é sucesso), pipoca, mix de nuts.

Busque sempre orientação com profissionais qualificados. A obesidade infantil é muito prevalente entre nossas crianças e a construção de bons hábitos alimentares deve começar bem cedo. 

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