Hoje acordei com vontade de atualizar meu currículo.
Sei que tenho que analisar e ponderar muito sobre a vaga que gostaria de concorrer. Não que eu esteja assim tão bem preparada para o mercado de trabalho, mas preciso: sou mãe. Sei que meu currículo está estagnado. Há anos não faço cursos para aprimorar meus conhecimentos. A pós-graduação já saiu da lista de prioridades há algum tempo.
Ocupação atual: MÃE. É o que sou integralmente há quase 6 anos.
Buscando informações para preencher meu currículo, e torná-lo mais atraente, encontrei um link que me direcionou para o youtube. O vídeo mostra o lançamento do livro “Portal do Servidor Aposentado da UEL: tempo de recordar”, que aconteceu em 2011. Fui convidada para o evento com a missão de representar meus colegas estagiários que também participaram do projeto. Assisti o vídeo com a Alanis e o Miguel. Agora estou aqui bastante reflexiva sobre as minhas escolhas.
No dia que consideramos o Dia Internacional da Mulher reflito sobre como os filhos são importantes e preenchem a vida dos pais de significados. No entanto, ainda está muito mais associado à mulher, à maternidade. As inúmeras concessões necessárias para o cuidado das crianças, preparo para o futuro e o convívio em sociedade são feitas, na maior parte dos lares, pelas mulheres.
Nos grupos de redes sociais direcionados que participo ativamente, leio diversos relatos de mães exaustas. A redução da carga horária na empresa, a busca por empregos que possibilite mais flexibilidade – mesmo que o salário não seja totalmente satisfatório, a inserção no mercado de trabalho informal são algumas soluções que elas encontram para se fazer presente e gerar renda financeira – sem mencionar os benefícios sociais e pessoais que o trabalho proporciona e que elas desejam manter.
Enquanto digito essas palavras, consigo imaginar a quantidade considerável de mulheres que estão em suas casas almejando o retorno ao trabalho. Sonhando em colocar em prática os conhecimentos adquiridos na graduação ou em um curso profissionalizante; orando para que seus currículos sejam aceitos por empresas que valorizam a mulher e respeitam a maternidade.
Mulheres que são mães, sintam-se abraçadas por mim. Eu entendo. Conheço todos os argumentos que a sociedade utiliza para nos culpar por nosso afastamento ou a dificuldade que temos para retornar. Mas, a culpa não é sua! Tornar-se mãe não diminui a nossa capacidade profissional ou reduz nosso entusiasmo para o trabalho. Pelo contrário, os filhos são como catalisadores, nós sabemos.
A maternidade desperta responsabilidade, interesse, inovação, determinação, criatividade. Acredito que não somos nós que estamos perdendo. Fiquem em paz. Outro abraço.
Autora: Léia Saboia, 32 anos, mãe em tempo integral.