Mulheres-mães protagonistas da própria história

A regulamentação da Licença-Paternidade no Brasil e a contínua solidão materna

A regulamentação da Licença-Paternidade no Brasil e a contínua solidão materna

Compartilhe esse artigo

Confesso, estou com medo desta regulamentação. Não quero generalizar, não é isso, mas essa pauta não é levantada sob o aspecto dos abusos puerperais que muitas mulheres são acometidas após o nascimento dos seus filhos, justamente pelos parceiros que estão ao lado delas, ou deveriam estar.

Hoje, os homens têm o Direito Constitucional a cinco (5), dias de licença após o nascimento dos filhos e em alguns casos um pouco mais. A mudança que vem por aí é que a licença-paternidade seja estendida. Vem aí uma Lei sobre isso, vamos acompanhar.

Muitos emendam férias, já que este fato, o nascimento de um filho, é um evento que deveria ser comemorado, apoiado e, de todas as formas possíveis, a mãe deveria – e deve – ser mimada, exaltada, cuidada, acolhida, vigiada e amada nas suas mudanças corporais e hormonais, bem juntinho ao ser mais importante naquele momento, sensível e totalmente dependente dela em muitos casos.

De novo, não estou generalizando, porque a adoção também dá este direito! E tá bom, alguns homens são extremamente parceiros, cozinham e lavam, limpam e penduram roupas, cuidam dos filhos recém-nascidos para a matriarca descansar de vez em quando. Alguns até levantam à noite, fazem o que podem para amenizar a exaustão materna diante de tantas mudanças. Eles estão compartilhando as responsabilidades, e não há nada de heroico em um homem que dá banho na criança ou troca suas fraldas, ou sai para passear, já que também é responsabilidade deles.

Mas não me refiro a estes homens ou a estes parceiros. Refiro-me aos que se aproveitam de uma lei em benefício próprio, aos que não são parceiros. E tem aos montes. Refiro-me aos que, na mudança gerada pela chegada de uma criança, sentem-se inferiores, ciumentos porque a atenção é dada a outra pessoa, por mais que seja o próprio filho, isso é fato.

Falo dos homens abusivos, que acham que as mulheres precisam servi-los, mesmo servindo inteiramente a um ser tão pequeno, descobrindo um mundo novo e, quase sempre, sozinhas. Sozinhas nas tarefas domésticas, sozinhas nos cuidados com os filhos e massacradas de abusos psicológicos porque o corpo está diferente, porque ela não está “se cuidando”, como se ela tivesse algum momento a pensar nela e parar horas para ir ao salão, porque está com uma cicatriz aparente, porque não dorme direito ou não lava o cabelo e muitos outros porquês.

Muitos destes homens saem de casa na sua liberdade legal para “descansar a cabeça”, para “espairecer”, beber, encontrar os amigos, ou é porque o choro da cria recém-chegada ao mundo incomoda, ou o cheiro de cocô pela casa toda, ou porque a mulher não fez a comida que ele gosta, ou porque a mulher foi na casa da vizinha ou porque a vizinha veio visitar, ou a mulher que amamenta e não se importa em ficar com uma camisola que é a mais prática das vestimentas nestes dias, ou qualquer outra coisa que seja para usar como justificativa.

Eu consigo imaginar estas mulheres. E espero que todas fiquem bem.

Por Silvia Colodel – @silviacolodel

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário