ESPECIALISTA | Adoção e a “mãe de verdade”

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– Quem é a mãe de verdade?

– Você não tem vontade de ter um seu?

– Você não pode ter filhos?

Existem algumas formas de se tornar mãe. Adoção é apenas uma delas. 

Há mulheres que desejam maternar, mas não gestar. Assim como há mulheres que desejam gestar, não realizam esse desejo, mas não escolhem adotar. Adotar é uma escolha. E, como em toda maternidade, merece respeito e apoio genuíno, sem julgamentos.

A maternidade por adoção pode ser muito solitária (ainda mais do que sempre é). Nem sempre há adoções em seu círculo social e muitas vezes sua escolha não é entendida, de modo que expor dificuldades vivenciadas, traz à tona uma série de preconceitos.

Atualmente já se fala em acolher dores e vulnerabilidades da maternidade. Geralmente com foco no pós-parto, em suas condições físicas/hormonais e nas dificuldades de ter um recém-nascido. 

Mães que adotam não sofrem tais impactos e dificilmente estão com um recém-nascido (acontece, mas não é a maioria), porém sofrem muitas dores, independentemente da idade de sua cria.

O pós-adoção é doloroso: dói seu filho contar sofrimentos do passado, ouvir “você não é minha mãe”, ter que explicar em todos os lugares o porquê de seu nome não estar no RG de seu filho e ainda ser chamada pelo nome da genitora. Dói perguntarem se você não terá um filho seu, reduzirem qualquer característica de seu filho a “ele é adotado”, vê-lo ter um grande atraso pedagógico.

Dói não saber o que fazer, ter que criar uma nova rotina, não ser mais o casal de antes, não ter mais a vida social e até profissional de antes. Dói muito não conseguir ser a mãe idealizada (por você e pelo seu filho). Dói não encontrar a mulher que você sempre foi e não entender quem você é agora.

Enfrentar essa fase sem rede de apoio e lidando com olhares e comentários que discriminam, resulta em mais uma mulher-mãe adoecida, invisibilizada e culpada. 

A maternidade por adoção carrega todas as marcas, mágoas, feridas, sorrisos, desejos e recomeços diários que toda mãe de verdade conhece e entende.

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