Cuidar de nós, da nossa saúde, do nosso viver exige atitudes que a rotina muitas vezes dificulta, entre elas o ato de ler livros. As muitas opções que a tecnologia oferece pode deixar o ato da leitura no livro em segundo plano.
Segurar o livro, observá-lo, cheirá-lo, comentá-lo são ações que a tela não pode substituir. Há muitas leituras que podem ser feitas através das telas, eu também as faço, inclusive são muito práticas e podem facilitar nossa vida. Todavia, o prazer de ler um livro ainda é ímpar para mim.
Há livros que nos emocionam, nos tiram o conforto, nos desafiam, nos acolhem, nos abraçam com suas palavras e imagens. A poesia de “O menino azul”, de Cecília Meireles, nos enche de afeto; “O gato e o escuro”, de Mia Couto, nos faz pensar sobre nossos medos; “O lagarto”, de José Saramago, encantam com seu mistério e fantasia; a narrativa dos livros em que temos o personagem Pum, de Blandina Franco, são dignas de boas risadas.
Assim, vamos lendo e compartilhando bons momentos com nossas crianças e deles aprendemos muito, inclusive que é possível apreciar a vida e relaxar.
Termino aqui com versos que são do poema “O menino que carregava água na peneira”, de Manoel de Barros, poeta que não conheci na infância, mas que há poucos anos tem me encantado com sua delicadeza:
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!
Que possamos olhar com ternura para quem somos, para que as crianças possam aprender a também se amarem e apreciar os momentos que lhes fazem bem, entender que temos muitos despropósitos e ainda assim podemos ser amados.
Boas leituras! (E se quiser trocar ideias sobre livros, escreva.)
Referência
Barros, Manoel de. Exercícios de ser criança/Manoel de Barros; Ilustrações Fernanda Massotti e Kammal João. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
