Mulheres-mães protagonistas da própria história

E os outros 364 dias? – Por: Miriã Isquierdo

E os outros 364 dias? – Por: Miriã Isquierdo

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Tem muita mãe por aí com nó na garganta, viu.

Muita mãe chorando escondida.

Mãe sobrecarregada pra caralho.

Mãe que vive isolada com a cria 24h por dia.

Aquele senso de comunidade de antigamente acabou e aquelas crianças que brincavam nas ruas e frequentavam a casa dos vizinhos e parentes agora vivem trancafiadas num apartamento de 50m² com a mãe.

Tem muita mãe que largou os estudos, a Faculdade, os sonhos, aquelas que não conseguem mais trabalho (porque, né, mãe da prejuízo pro empregador) e acreditem, não é só bolsonazi que pensa isso.

Tem gente de todos os lados da história que deixa de empregar mulher mãe.

Tem mulher que foi demitida no período de licença maternidade (meu caso, o Raul tinha 15 dias).

Tem a mãe “empreendedora” que é aquela que se vira como dá pra botar comida dentro de casa, porque se o Estado não garante nada para essa mulher, ela tem que correr atrás e fazer um trabalho precário, sem nenhuma garantia trabalhista. Daí colocam esse nome bonito: “empreendedora”.

Tem mãe exausta de cozinhar, cuidar da casa, da ou das crias e não ter paz nem para cagar sozinha.

Tem mãe que até romantiza essa exaustão!

Tem uma pá de gente que romantiza essa exaustão! “mamãe obrigada por todo o sacrifício que você fez pra me criar”. Obrigada uma ova! Mamães não precisam se sacrificar e abrir mão da própria vida e perder sua subjetividade.

Maternidade não é calvário, filho não é cruz, nenhuma mulher precisa carregar sozinha. Cadê trabalho digno? cadê creche pública de qualidade? cadê o pai? já chega de florzinha no dia das mães.

Mãe é classe social, é luta por dignidade. Aproveite esse dias das mãe pra oferecer teus ouvidos pra essa mulher, escutar o que ela tem a dizer, suas demandas, suas dores, seus cansaços, suas vontades, desejos e para de achar que tudo relacionado aos filhos e a casa é responsabilidade só dela e que ser mãe é a única coisa que ela quer na vida.

Mães querem respeito, trabalho digno, estudo, festa, transa, vida e dignidade para amar seus filhos e cuida-los, não como fardo, mas com a leveza que a divisão de tarefas e o reconhecimento podem dar.

Tirem as mães da invisibilidade.

Autora

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