Dor de parir

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Todo mundo pensa e fala que parir dói mais. Mas se você ainda não foi mãe ou não passou por essa experiência, venho lhe contar que mãe sente a dor de parir antes e depois de dar à luz a um filho.

A dor fisiológica ainda não conheço,  mas posso descrever tantas outras que experimentei. 

Parir é abrir, separar, romper, rasgar, sangrar, dar espaço e só quem viveu a maternidade sabe como é doloroso viver esses verbos todos.

É um romper do que você era antes e o que você é pós filho. É romper sua rotina, suas vontades e prioridades. 

É dar espaço na sua agenda, na sua carteira, no seu guarda-roupa, na cama, no chuveiro, no banheiro e no espelho. 

É abrir mão de sair para evitar o risco de uma contaminação viral. É romper a ideia que sua saúde diz respeito só a você e se submeter a exames, consultas, mudar sua dieta e furar-se várias vezes ao dia, pois a gestação lhe presenteou com um quadro diabético. 

É superar sua falta de ânimo em ver as pessoas com aquele conto de fadas na preparação do enxoval. 

É rasgar o peito de preocupação com a quantidade de roupa, fraldas e todos os itens que nem se sabe quais são realmente necessários. 

É dar espaço para tudo que se gostar de ler para tentar se informar sobre tipos de partos,  preparos, amamentação, violência obstétrica e, mesmo assim, sentir-se perdida.

É sentir-se estranha em um corpo que não é mais só seu.  Que mexe por conta própria, que sente muito sono ou sono nenhum. É romper a imagem que tinha no espelho e perceber que tudo mudou.

É separar-se de amizades uma vez que sua vida mudou e você não é tão útil e nem tampouco disponível assim. 

É dar espaço às vontades de outra pessoa que muitas vezes não tem semelhança alguma com as suas. 

É abrir mão dos seus conceitos e sentimentos para ver aquele pingo de gente feliz.

É rasgar sua vida profissional por uma licença maternidade e depois ter que voltar ao mercado de trabalho ainda mais capacitada e eficiente, como se nada tivesse acontecido.

É saber que não será fácil a rotina com um bebê, assim como não é  com uma criança e um adolescente. 

É  partir-se em diversos pedaços em só dia e manter-se inteira. 

É ter que fazer muita força, muita força para maternar e ficar confusa qual o momento certo para respirar.

E depois disso tudo, é hora de deixar os filhos partir e trilhar seu próprio caminho.

Por fim, é saber que por mais cuidado e apoio que você possa ter, o parto será só seu.


Texto: Mariana Ferreira Eloi Onofre – Instagram: @marianafe.onofre.

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