Sabe aquela cobrança constante para ser a mãe perfeita? Eu já me peguei duvidando de mim por causa disso. Parece que, por mais amor que a gente tenha, a maternidade vira uma corrida silenciosa, cansativa, atrás de um padrão que ninguém consegue alcançar de verdade.
Essa tensão entre o que a gente sente que deveria fazer e o que dá pra fazer de verdade pesa demais. Não é só a nossa cabeça que sofre, isso mexe com o desenvolvimento das crianças também, e só aceitar que essa luta existe já é um passo enorme para tornar a maternidade mais leve e verdadeira.
Eu vejo como tantas mulheres vivem com a tal “síndrome da super-heroína”, tentando dar conta do trabalho, da casa, dos filhos, e ainda querer um tempinho para si. E não é surpresa que tantas mães estejam exaustas, com um cansaço que vai além do físico, é o burnout materno, que cresce assustadoramente.
Sempre ouvi falar que o “instinto materno” é algo natural, mas, pesquisando, vi que isso é mais uma criação da sociedade do que uma verdade biológica. E essa ideia só aumenta a pressão em cima da gente.
Além disso, ser mãe atrapalha a carreira — o chamado motherhood penalty —, e isso só piora a ansiedade e a solidão que sentimos. Não é à toa que tantas mulheres acabam recorrendo a antidepressivos.
Fico pensando em como essa ideia da mãe perfeita surgiu: lá no século XVIII, pensadores criaram a imagem da mulher como um “anjo do lar”, um modelo bonito, mas irreal. Enquanto, em muitas culturas indígenas, o cuidado dos filhos é dividido entre várias pessoas, aqui, a responsabilidade recai quase toda sobre uma só.
E as redes sociais? A gente vê só os momentos felizes, mas a vida real é feita de noites mal dormidas, dúvidas e cansaço. Coisas que muitas mães escondem até nos grupos de WhatsApp, para não serem julgadas ou comparadas. Essa pressão toda não faz mal só para nós, mas também para os nossos filhos. A culpa nos leva a querer proteger demais, e isso pode atrasar a autonomia deles. Já ouvi falar do “fenômeno da criança-rei” e sei que ele tem relação direta com isso — tentar compensar nossos erros sendo permissivas demais.
O que tem me ajudado muito é aprender a falar abertamente, a ser vulnerável; admitir que estou cansada, que não sei tudo, que erro. Isso aproxima muito mais meus filhos de mim, cria um espaço de sinceridade e amor real. Vi que a Renata Martins, coach parental, fala justamente de como a vulnerabilidade pode transformar essa relação; e tem a ideia da Bibianna Teodori, que reserva 15 minutos por dia para uma conversa verdadeira com a criança. Acho que isso faz toda a diferença.
Sei que a autocrítica é uma das maiores inimigas da nossa paz, mas acho possível, passo a passo, silenciar essa voz interna. Comecei a praticar a autocompaixão, reconhecendo o meu esforço, perdoando meus erros e tentando enxergar minhas qualidades. Também percebi que dividir responsabilidades e buscar apoio faz toda a diferença — um rodízio de cuidados entre famílias ou um parceiro que realmente
participa ajuda a aliviar a carga.
Hoje entendo que abraçar nossas falhas não é fraqueza, mas um ato de coragem. É isso que traz paz. A Elisabeth Badinter diz que estamos no caminho para uma revolução: mães mais livres, narrativas mais diversas, escolhas mais nossas. Tudo começa com um simples “hoje estou cansada”, “preciso de ajuda” ou “não sei”.
Ser mãe não é sobre ser perfeita, é sobre estar presente e ser autêntica. Cada imperfeição nossa constrói uma história única, cheia de amor de verdade. Quando a gente se permite ser real, abre caminho para que nossos filhos aprendam a valorizar a honestidade e a beleza do imperfeito.
E é isso que quero para mim e para eles: a liberdade de ser mãe, humana, falha e feliz.
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Autora Anônima





