Coluna – Ser adolescente no Mundo VUCA e no Mundo BANI

Coluna – Ser adolescente no Mundo VUCA e no Mundo BANI

Compartilhe esse artigo

Ao me perceber mãe de uma adolescente, é inevitável lembrar de quando passei por essa fase. Afinal, a experiência forma grande parte do meu repertório. Minha vivência me trouxe mais bagagem sobre o assunto do que todas as pesquisas que venho fazendo. Além disso, por mais que minha filha tente negar, temos semelhanças.

Acontece que o mundo em que vivi minha adolescência, não é o mesmo mundo de hoje. Intuitivamente, é fácil enxergar as mudanças na sociedade e as causadas pelos avanços tecnológicos, como os celulares, os aplicativos e os serviços de streaming. Buscando fundamentar minha percepção sobre essas diferenças, constatei que passei minha adolescência no mundo VUCA, enquanto minha filha vive no mundo BANI.

O conceito de mundo VUCA foi criado pelo United States Army War College na década de 1990, isso é, quando eu era adolescente. A sigla, em inglês, tem um significado para cada letra: Volatility (Volatilidade), Uncertainty (Incerteza), Complexity (Complexidade) e Ambiguity (Ambiguidade). De forma geral, esse conceito se associa a um mundo sujeito a muitas mudanças, o que pode ser confirmado com todas as mudanças que nos levaram à realidade atual.

Ocorre que no século XXI, Jamais Cascio avaliou que o mundo VUCA já não refletia mais a realidade e trouxe o conceito de mundo BANI, isso é: Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não linear) e Incomprehensible (Incompreensível). Apesar desses conceitos serem amplamente utilizados no mundo dos negócios, as palavras que compõe esta sigla me parecem dar bastante ênfase a aspectos psicológicos, se relacionando à saúde mental.

Sem dúvidas, a realidade de hoje não é a mesma de antes. Na minha adolescência, não era usual a reflexão sobre fragilidade. Ao contrário, a maioria dos jovens se considerava invencíveis, inquebráveis, praticamente imortais. Ansiedade também não era um assunto em pauta. Entretanto, atualmente, observo o crescente conhecimento dos adolescentes sobre tais temas, provavelmente impulsionado ainda mais pela pandemia.

Não sei se os desafios que minha filha enfrenta são maiores ou menores do que os que eu vivi, mas tenho certeza de que são diferentes. Por um lado, o mundo atual parece ser menos fácil de compreender, como é explícito na última letra da sigla BANI. Por outro lado, para se adaptar à realidade, o adolescente de hoje conta com ferramentas e conhecimentos que eu e minha geração não tínhamos.

Continuo tentando apoiar, acolher e ajudar minha filha durante sua adolescência. Para tanto, me parece ser imprescindível ter consciência das diferenças entre a conjuntura em que ela está inserida e a que eu vivenciei. Apesar da pouca idade, minha pequena parece ter habilidades importantes para se desenvolver nesse mundo frágil, volátil, não linear e incompreensível.

Leitura Complementar: https://medium.com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário