O algoritmo das mídias sociais é algo impressionante. Hoje, não é preciso ser nenhum especialista para perceber que ele dita o que você deve ver. Muitas pessoas tentam manipulá-lo ou ajustá-lo conforme seus interesses, ou até mesmo para entendê-lo melhor. Confesso que tenho preguiça. Tento evitar ao máximo, mas não nego que acabo entrando pelo menos uma ou duas vezes por dia para acompanhar o que acontece pelo mundo.
Apesar disso, meu algoritmo frequentemente me irrita. Já passei da fase de mãe de primeira viagem, dos terríveis toddlers e terrible twos. Agora, o pior é que ele insiste em me mostrar a vida de mães de dois filhos. E, infelizmente, esse não é o meu nicho.
Nos últimos meses, vivi um turbilhão de reflexões. Tenho me questionado constantemente sobre como superar essa fase. Às vezes, acredito que ter outro bebê seja a única solução. Em outras, penso que talvez aceitar a possibilidade de ser “apenas” mãe da Louise seja o caminho. No entanto, o que me mantém em dúvida é que, no fundo, ter outro bebê parece ser o que eu mais desejo — ainda que me consumir nessa busca desesperada seja, sem dúvida, a escolha menos saudável.
Preciso, então, aprender a manipular meu próprio algoritmo. Preciso ser forte nos dias em que ele insiste em me mostrar mães com dois filhos. Preciso estar firme para bloquear esses pensamentos, filtrar o que absorvo e manter minha inteligência emocional no controle.
Mas esta coluna não é só sobre o algoritmo. É também sobre as expectativas da sociedade. Da pergunta “Quando você vai ter o segundo?”. Sobre o que ela impõe e sobre o que, por isso, eu mesma venho me cobrando tanto e desejando tanto. Talvez, se isso não fosse algo que eu quisesse tanto, não me afetasse de forma tão profunda. Talvez, se as perdas gestacionais não tivessem abalado tanto o meu emocional, eu não estaria assim. Mais uma vez eu trago os “chatos” talvez.
No entanto, esses “talvez” não trazem respostas nem acalmam o meu coração. Eles são apenas remendos temporários, que me lembram de que, quando o assunto é gerar outra vida, o controle quase nunca está em nossas mãos.