Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA – Mãe de adolescente precisa de rede de apoio?

COLUNA – Mãe de adolescente precisa de rede de apoio?

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Dizem que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, sendo inquestionável a necessidade de rede de apoio neste período. Entretanto, pouco se fala sobre a importância de ajuda para maternar após o fim da infância, na adolescência do filho. Esse (quase) silêncio pode ser interpretado de diversas formas. Talvez, como um entendimento de que mãe de adolescente não precisa de rede de apoio. Com uma visão mais otimista, a melhor interpretação é que as pessoas não sabem como ser rede de apoio nessa etapa.

Na adolescência, a mãe pode precisar de ajuda para se relacionar da melhor maneira com o filho. Nessa fase, rede de apoio é importante para dar suporte emocional quando esta mulher se encontrar fragilizada. Para enxergar a sensação de desamparo da mãe, enquanto a maioria olhar somente as crises do adolescente. Ser rede de apoio é oferecer empatia para acolher as dores da mãe, quando a sociedade culpá-la pela usual oposição do adolescente à sua progenitora. Ser rede de apoio pode significar ajudar a mãe a desenhar um mapa para encontrar a saída, quando reinar a desorientação. Rede de apoio é quem cuida da mãe para que ela consiga ser capaz de cuidar de qualquer outra pessoa. Inclusive de si mesma. Inclusive do filho adolescente.

A rede de apoio de mãe de adolescente também pode ter o objetivo de amenizar a solidão que acompanha a maternidade desde o início, mas que ganha corpo de forma diretamente proporcional ao crescimento do filho. A mãe de criança costuma ter a companhia do filho em sua rotina, ainda que tenha a sensação de solidão pela falta do convívio com outros adultos. Com a adolescência, é natural e esperado que o filho desenvolva independência para ter sua própria programação, na maioria das vezes acompanhado dos amigos, mas não da mãe. Nesse contexto, a solidão materna não se refere mais somente à falta de convívio com outros adultos, mas também à falta do convívio com o próprio filho. A agenda do fim de semana desta mãe não é mais lotada com festas e outras programações infantis em que ela acompanhava o filho. Sem rede de apoio, esta etapa será marcada pelo vazio deixado por esta falta de programação infantil com a cria.

Ser rede de apoio não significa somente tomar conta da criança pequena enquanto a mãe está ocupada. O esperado é que a rede de apoio esteja disposta a apoiar a mãe, independentemente da idade da cria. A expectativa de perfeição materna sobrecarrega as mães por toda a vida dos filhos, não somente na infância destes. Logo, é preciso acolher não somente as grávidas, puérperas e mães de crianças, e sim abrir mais os braços para abraçar também as mães dos  adolescentes. A rede de apoio deveria ter o mesmo prazo de validade que a maternidade, isso é, ser vitalícia.

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